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sábado, 28 de dezembro de 2002

O futuro de Aveiro

João Manuel Oliveira
jmo@esoterica.pt

Nesta época festiva, é importante, para um melhor 2003, que se analise em abundância o significativo de 2002 para, a partir daí, definir de forma correcta o que devemos fazer no ano que está prestes a entrar.

Devido a isso, impõe-se uma reflexão, um princípio e uma forma coerente de olhar Aveiro. Aveiro que tem uma oportunidade pela frente mas também um desafio e uma lógica que deve ser mudada. A de cidade-região, a de cidade-modelo e a de cidade coerente.

A de cidade-região prende-se com uma visão intermunicipal onde, muito embora “espaço central” não submeta as outras cidades e espaços aglutinadores e sejam encontrados espaços dialogantes. É curioso que num espaço relativamente plano, onde é fácil e frequente a deslocação de populações, subsistam inúmeras cidades, inúmeras vontades e inúmeros “caciques”. Cada um dos concelhos vive com o peso de um mesmo desenvolvimento estratégico, com a mesma lógica de utilização de todos os instrumentos de desenvolvimento. Como se cada um deles necessitasse de todas as ferramentas e não passasse sem nenhuma. Ou se cada um dos concelhos fosse um espaço-estanque e perfeitamente definido, sem relações de vizinhança e sem conhecimento do que pode ser conjugável. Estou a falar de “coisas” tão simples como uma definição de estruturas industriais, políticas de desenvolvimento dos solos, turismo, entre muitas outras.

Aveiro como cidade-modelo e Aveiro como cidade-coerente são, potencialmente, outros chavões que necessitam de justificação. Mas quem olha com a paixão desavinda pela cidade, aquela paixão que já foi amor, que se sentiu traído e por isso já reconhece algumas rugas, demonstra que Aveiro está a ir por um caminho, é certo, mas sem se saber muito bem qual o fim que esse caminho leva.

Aveiro deve saber priorizar as suas necessidades – aquelas que são mesmo necessárias – e caminhar para a excelência. Deve lembrar-se que o paradigma de cidade moderna não é necessariamente o de cidade-construção. Deve lembrar-se que entre o “nada feito” que os socialistas criticaram a Celso Santos e a “cidade imobiliária” de Alberto Souto, pode e deve aparecer o equilíbrio.

O equilíbrio que mostre que Aveiro é uma cidade coerente. Uma cidade que aposta em terminar as infraestruturas fundamentais à qualidade de vida de um cidadão, uma cidade que aposta na preservação histórica, na recuperação do que está degradado, numa cidade que necessita de acreditar numa aposta tecnológica e numa verdadeira ligação à universidade.

Uma cidade que precisa pensar para decidir, uma cidade que não precisa de crescer assim tanto: queremos mesmo ser como Braga? Queremos não ter nada para mostrar de verdadeiramente importante?

Esperemos que 2003 seja um ano em que algumas destas perguntas comecem a ser verdadeiramente importantes.

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