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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2005

Uma opinião

O blogger Sensutu (adorava colocar o nome real) exprimiu a sua opinião nos comentários, mas eu entendo que a reflexão é preciosa demais para ficar nesse espaço. Aqui fica:

À tempos atrás propôs-me abordar a questão do real poder politico de Aveiro, ou seja o lobby politico de Aveiro. Por manifesta falta de oportunidade não o pude fazer.

Apesar de não estar directamente ligado à noticia do Diário de Aveiro, julgo que o tema que trago se enquadra bastante neste momento politico que estamos acompanhar.

A capacidade de influenciar está intimamente ligada a dois aspectos essenciais. Em primeiro lugar a força, a convicção e a naturalidade como ela é feita, factores directamente ligados a quem quer influenciar. Em segundo, aos recursos existentes.

A questão que se coloca é, sendo Aveiro o Distrito que é, e não vale a pena falarmos disso, porque não consegue ter maior participação activa nos círculos políticos dos Partidos, na vida politica Nacional e suas decisões.

O distrito de Aveiro tem ao longo dos anos assistido ao uso e abuso por parte dos partidos do seu largo número de votantes. Portanto a sua apetecível quota de deputados, serviu para colocar outros que não provenientes de Aveiro. Com o tempo ajudou a secar potenciais políticos de Aveiro, que apesar de terem valor foram calcados pelas "importações".
O mais grave nisto tudo é não haver capacidade de afirmação suficiente por parte das Distritais desses mesmos partidos. Não há capacidade, assim como não há coragem para baterem o pé aos de Lisboa.

Quem são os "opinion makers" de Aveiro? Quais são os mais conhecidos? Atenção, gente que fale regularmente dos problemas deste distrito, não fale só dos problemas caseiros do concelho de Aveiro. Há? E porque não há?
Falta a Aveiro pessoas que estejam dispostas a colocar acima dos seus interesses pessoais e partidários os interesses da região. E não o fazem porque não sentem a alma de uma região forte. E se não o fazem quando estão em Aveiro, quando vão para Lisboa ainda pior.

Outra questão é os meios, os recursos. Sem poder económico não há possibilidade de influenciar. Eu sei que o Distrito de Aveiro é desenvolvido economicamente. Mas façam este exercício. Em primeiro lugar retirem os concelhos que já manifestaram intenções de pertencerem à área metropolitana do Porto. De seguida retirem todas as multinacionais, e grandes empresas que só aqui têm o seu meio de produção, por ultimo todas as pequenas. O que sobra?
Quais são os grandes grupos de capital Português com sede na Área Metropolitana de Aveiro?

Os órgãos de comunicação social deveriam desempenhar outro papel vital, criada a uma dada altura para informar a região, a Moliceiro, com o tempo transformou-se num gira-discos, o que sobra? Quais os Jornais com propriedade em Aveiro? O Aveiro, já está do lado do Grupo Lena de Leiria. Onde iremos chegar?

Por ultimo, os nossos Presidentes de Câmara, que ajuda têm dado para em conjunto serem mais fortes na obtenção de recursos para este distrito?
O relacionamento dos dois Presidentes das Distritais, dos dois maiores partidos não é exemplo para ninguém.

Com as próximas eleições, voltamos ao mesmo, o clã Candal mantêm-se, e os restantes são individualmente conhecidos aqui ou ali, não havendo mais ninguém que possamos dizer que é uma figura do Distrito de Aveiro.


11 comentários:

  1. De facto, tem toda a razão. Como é possível que o deputado que o PS de Aveiro tem para propor seja o Candal Jr, alguém que jamais teve outra ocupação na vida que não a política. Da mesada paterna para o salário de deputado...
    Aliás, da leitura dos jornais vemos que havia outros nomes mas parece que as golpadas dos que vivem da política acabam sempre por resultar. Uma vez mais, os bons ficam de fora e os que não prestam não saem...

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  2. Concordo com o comentário acima. Além disso, li agora no Público (6.2.2005) que o paraquedista do PS nem sequer está disponível para falar aos jornalistas. Queriam o meu voto? no afonsinho de aveiro ou no bernardinho de ílhavo? Queriam, mas não dou! Ainda não sei em quem voto, mas no PS é que já decidi: NÃO!

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  3. Parece-me que os comentários ao texto sofrem de alguma parcialidade aguda ou até de alguma dor de cotovelo.
    Acho até muito pouco coerente concordar com o texto em apreço, que constata a não existência de pessoas que puxem pelo Distrito ou pela Região, e depois criticar aqueles que o fazem.
    Se quiserem ser sinceros ou pelo menos se se informarem melhor, o deputado Afonso candal é, reconhecidamente um bom deputado, ou seja, alguém que pensa o que faz e faz o que a um deputado é exigido.

    Mas há sempre esta tendência de criticar quem está e quem faz sem nada se propor de diferente.
    Digam lá então como seria a vossa lista de deputados. Façam as tentativas por Partido. Mas depois não se esqueçam de perguntar aos escolhidos se eles aceitam.
    É que ser deputado, ou melhor ser um bom deputado, é incompativel (não do ponto de vista legal) com o exercicio de muitas outras funções como professor, empresário, gestor, funcionário público, enfermeiro, etc, etc, etc.

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  4. Este post não é para comentar os méritos e desméritos da familia Candal. Conheço o Afonso há algum tempo e tenho grande estima pessoal e consideração profissional pelo seu trabalho como deputado.
    Não comentem pela rama, leiam bem todas as implicações do texto do Sensutu

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  5. Ao JMO:
    1º Diz-se méritos e deméritos, não "desméritos".
    2º Dizer que se tem consideração profissional por alguém que, reconhecidamente, não tem (fora da política) qualquer profissão é ridículo. O filho do Candal pode ser - e até acho que é - boa pessoa. Agora que é sintomático da (falta de) qualidade dos nossos actuais políticos, lá isso é.

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  6. Obrigado pela correcção ao erro. foi um descuido da minha parte.

    Em relação ao segundo ponto, caro anónimo, eu reforço que a consideração profissional é, claramente, pelo seu trabalho de deputado. Se chegou onde chegou por família ou amigos, aquilo que conheço do trabalho de deputado faz-me dizer que ele trabalha bem na sua "profissão". Ser deputado.

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  7. Oh, Didas! :)

    Eu escrevi "há algum tempo" e sei que é com "h".

    A qual é que te estás a referir?

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  8. O Sensutu tem toda a razão. E o Afonso Candal é um bom deputado. Aliás, dos que ocupam os primeiros lugares na lista do PS por Aveiro, Afonso Candal é provavelmente o melhor de todos. E espero sinceramente que o comportamento arrogante (e até irresponsável...) de Manuel Pinho não saia caro ao PS. Até porque Aveiro é um dos distritos em que se joga a maioria absoluta...

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  9. Eu sou o anónimo que fiz a apologia do Afonso Candal. E fi-lo como comentário ao comentário e não ao texto como, aliás, deveria ter feito.

    A questão levantada no texto - a forma de valorizar Aveiro - é, comparativamente aos restantes Distritos, uma falácia, com as respectivas excepções de Lisboa e Porto e um estatuto intermédio de Coimbra.
    Começo por este último.
    Coimbra AINDA goza de determinado prestigio e "patente" politica por uma questão histórica. A Universidade de Coimbra formou e, por isso, juntou um conjunto de quadros que sempre teve a preocupação de funcionar com alguma comunicação e que se foi "protegendo" e defendendo. Até porque a maioria dos então estudantes cursavam as disciplinas mais clássicas com métodos também eles mais conservadores e portanto, assumiam-se com a diversidade que a Universidade lhes proporcionou.
    Mas é uma situação que tende a acabar, pois as últimas gerações já não têm nem cultivam esta perspectiva.

    Resta-nos depois Lisboa e ... o Porto.
    A grande Lisboa e o grande Porto concentram quase metade da população portuguesa, concentram 95% das grandes empresas e concentram ainda todos os órgãos decisores da administração pública.
    Não é, poís, possível lutar contra isto.

    E é por esta razão que mesmos aqueles que afirmam a sua ligação a uma terra mais longiqua, normalmente do interior, estão dela afastados desde que se formaram.
    Tem piada dizer que o socrates é de castelo branco e ainda tem o seu lugar no quadro da camara da covilha. Ou o marcelo que é de celorico.

    Se fizermos a análise, distrito a distrito, iremos perceber que Aveiro não é diferente dos outros locais.

    O pais é pequeno demais para se recortar da fatia dos deveres de quem desempenha cargos públicos, o pedaço da sua terra.
    A apologia dever ser outra. Quem desempenha cargos públicos só deve ter uma premissa - gerir melhor os recursos para atenuar cada vez mais as diferenças entre os cidadãos.
    Uma sociedade que não cria essas oportunidades e que não permite que se olhe com maior preocupação para quem está pior, é uma sociedade que cava todos os dias um buraco, cada vez mais dificil de trepar.

    Esta é que deve ser a preocupação. E, valha a verdade, há quem esteja muito pior do que nós e não veja a luz ao fundo do túnel

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  10. Acho interessante esta questão do poder que Aveiro tem ou não tem.
    Diria que temos duas alternativas.
    Podemos chorar sobre o poder que (eventualmente) Aveiro perdeu e ficarmos pela lamúria colectiva e pela culpabilização obsessiva.
    Ou podemos pensar como deveríamos organizar a "região de Aveiro" para que se torne um exemplo de uma região competitiva.
    Isto implica clarificar que modelo de competitividade queremos, com quem o queremos construir e quem são os nossos reais "competidores" do mundo global (que não são os nossos vizinhos).
    Agora deixo a questão... e quando passamos à acção?

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João Oliveira

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