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quinta-feira, 15 de maio de 2003

Duas notas... by Rui Falcão




Rui Falcão, um dos verdadeiros empreendedores da nossa cidade, contribui para esta discussão generalizada com um assunto pertinente e uma sugestão para o nosso colega de lista Virgilio Nogueira - queremos respostas :)
Aqui vai:
Acompanho com interesse os comentários de todas as pessoas que de um modo ou de outro vão contribuindo para discutir Aveiro. No meu caso, não consigo acompanhar em tempo útil tantas e valiosas contribuições, no entanto e na medida das minhas possibilidades e graças à inquietude do João em ir puxando por nós, aqui vai duas pequenas contribuições:

a) Gabinete de Apoio ao Investidor
De facto, os "grandes" investimentos parecem ser facilmente acarinhados pelos Governos e pelas Câmaras. Arranjam sempre agenda, localizações, enquadramentos. Os pequenos e médios investimentos tem sempre mais dificuldade em se concretizar. Não é fácil ter apoio para encontrar terrenos, não é fácil vencer a burocracia, saber se um determinado terreno tem ou não viabilidade para um determinado projecto, saber da oportunidade do investimento, saber se faz de facto falta a uma dada população, tudo demora muito tempo, gasta energia e faz perder a paciência dos investidores.

É evidente que os "investidores" não têm normalmente uma lógica de preocupações de desenvolvimento de uma região ou cidade, mas uma lógica de retorno do investimento, muitas vezes de curto prazo. A defesa de uma lógica de desenvolvimento de uma cidade não é apenas de curto prazo, é de médio e longo prazo também, e essa visão compete normalmente ao poder nacional e sobretudo local. O poder local pode defender o médio prazo.

Mas também é evidente que pode haver o engenho e a arte ao nível do poder local, de criar projectos que possam interessar aos investidores em particular e às cidades tentando conciliar interesses e lógicas. Talvez esteja aqui o segredo para a realização e captação de investimentos em torno de projectos em que todos ganhem. O poder local pode, na minha opinião, exercer uma liderança com iniciativa que aposte na realização de projectos com capitais mistos, com partilha de risco e receitas.

A relação público -privada, parece no entanto sofrer de algumas dificuldades, sobretudo para ultrapassar mentalidades de desconfiança e interesses pouco claros por um lado, a gestão das invejas e influências e até os inimigos "internos", isto é, aquelas a quem "convém" que a teia da burocracia perdure. O complicómetro é a máquina da moedinha. Donde que, um Gabinete de Apoio ao Investidor, não vai interessar a quem mais ganha com a sua ausência!

Por outro lado, penso que era hora de ter um pouco mais de amor próprio nacional e aprendermos colectivamente que os pequenos e médios investimentos de capital português também não são desprezíveis. Temos visto a dificuldade do Dr. Cadilhe em captar "grandes investimentos". Não será altura de acreditarmos em nós, arregaçarmos as mangas, tomarmos o nosso futuro nas mãos e olharmos para o pequeno investimento como um recurso fundamental? Ajudá-lo a que seja estruturado, apoiado em necessidades locais, integrando um plano de desenvolvimento estratégico de uma cidade\região. Não terá chegado a hora da iniciativa partilhada público-privada em que as PME's e a junção de pequenos investidores pode surgir como elã dinamizador do mundo local? Será que isto pode funcionar em Aveiro?

b) A Casa do Chá

É dos espaços que mais "saudades" dá em Aveiro. Tenho "saudades" dele e infelizmente não o posso desfrutar, porque nas tardes soalheiras de fim de semana, quando apetece comprar o jornal e sentir um espaço verde de qualidade, o bar não está aberto.... ou à noite poder transformá-lo num restaurante requintado com música ao vivo, 2/3 músicos da própria orquestra, porque não? Ouvi falar em ordenados em atraso, em dificuldades de pagamentos, de manter as pessoas(músicos) em Aveiro. Não seria esta uma boa possibilidade para re-criar um espaço e ajudar a rentabilização da orquestra e desenvolver a cultura?
É estranho sentir que existem condições para ter um lugar de qualidade e por falta de lembrança, iniciativa ou outra razão que desconheço...não o poder desfrutar. Acredito que é desses pequenos nadas que é feita a qualidade de vida.


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João Oliveira

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