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sexta-feira, 7 de julho de 2006
Burrocracia à Portuguesa - e assim se atrasa um trabalho científico
"Falhas" do IPPAR adiam exumação do primeiro rei
Eugénia Cunha foi proibida de exumar D. Afonso Henriques, depois de o IPPAR a ter autorizado
Nelson Morais, Bruno Pires
Opresidente do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), Elísio Summaville, assumiu, ontem à tarde, que foram "falhas de comunicação" neste organismo que o levaram a proibir, de manhã, a exumação dos restos mortais de D. Afonso Henriques, na Igreja de Santa Cruz, em Coimbra.
A exumação, que permitiria a uma equipa de investigadores começar a traçar, a partir das 17 horas de ontem, o perfil biológico do primeiro rei de Portugal, fora autorizada pela Delegação Regional de Coimbra do IPPAR, a 22 do mês passado, e pelo bispo da diocese local. Porém, só ontem de manhã a direcção nacional do IPPAR terá reparado que, estando em causa uma figura soberana, a operação carecia de autorização da ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, "e do próprio gabinete do primeiro-ministro", admitiu Summaville, ao JN.
A investigadora da Universidade de Coimbra Eugénia Cunha, responsável pela equipa multidisciplinar que vai tentar desvendar alguns mistérios sobre a figura de D. Afonso Henriques, mostrou-se "desanimada" com a proibição do IPPAR, tomada, segundo Summaville, "em diálogo" com o gabinete da ministra da Cultura. Eugénia Cunha queixou-se dos prejuízos causados, exemplificando com o facto de a equipa do espanhol Miguel Botella, especialista na reconstituição de imagens a três dimensões, ter de regressar hoje a Espanha (parte para o México nos próximos dias).
Mas a investigadora, que assegurou patrocínios de uma construtora, um banco e uma fundação, pode vir a ser indemnizada. "É evidente que o IPPAR é uma pessoa de bem, e foram criadas expectativas... Vamos equacionar todas essas situações", adiantou Summaville, prometendo também um inquérito para apurar responsabilidades dentro da instituição.
O pedido de autorização para a exumação fora feito, em Março de 2005, à anterior direcção do IPPAR. Mas, recentemente, a actual foi confrontada com um pedido similar, para o suposto corpo de D. Sebastião, sepultado no Mosteiro dos Jerónimos, e pediu um parecer jurídico, que apontou para a necessidade da autorização governamental. Ontem, a comunicação social anunciou a exumação de D. Afonso Henriques do seu túmulo, classificado como panteão nacional, e o IPPAR decidiu, então, proibi-la.
Além de Miguel Botella, que participou na investigação do corpo de Cristovão Colombo, o projecto conta com a colaboração do historiador José Mattoso, de especialistas em genética (ADN), palio-dietas (dietas antigas), palio-patologias, epigrafia, análises de pedra, metais, madeira e tecidos medievais.
Não falta pois ambição ao projecto de Eugénia Cunha, professora catedrática de Antropologia que tem um doutoramento sobre populações medievais, assente no estudo das respectivas ossadas. A investigação pretende, desde logo, determinar a idade com que o fundador da Nação morreu, em 1186, e apurar a veracidade dos relatos que lhe atribuem uma estatura e uma rebustez enormes. A fractura do fémur que se diz ter sofrido no Cerco a Badajoz, o perfil genético, o tipo de dieta que tinha (à base de carne, vegetais ou alimentos marinhos?) e mesmo a fisionomia do primeiro rei de Portugal são outros aspectos sobre os quais se poderá fazer luz.
Eugénia Cunha foi proibida de exumar D. Afonso Henriques, depois de o IPPAR a ter autorizado
Nelson Morais, Bruno Pires
Opresidente do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), Elísio Summaville, assumiu, ontem à tarde, que foram "falhas de comunicação" neste organismo que o levaram a proibir, de manhã, a exumação dos restos mortais de D. Afonso Henriques, na Igreja de Santa Cruz, em Coimbra.
A exumação, que permitiria a uma equipa de investigadores começar a traçar, a partir das 17 horas de ontem, o perfil biológico do primeiro rei de Portugal, fora autorizada pela Delegação Regional de Coimbra do IPPAR, a 22 do mês passado, e pelo bispo da diocese local. Porém, só ontem de manhã a direcção nacional do IPPAR terá reparado que, estando em causa uma figura soberana, a operação carecia de autorização da ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, "e do próprio gabinete do primeiro-ministro", admitiu Summaville, ao JN.
A investigadora da Universidade de Coimbra Eugénia Cunha, responsável pela equipa multidisciplinar que vai tentar desvendar alguns mistérios sobre a figura de D. Afonso Henriques, mostrou-se "desanimada" com a proibição do IPPAR, tomada, segundo Summaville, "em diálogo" com o gabinete da ministra da Cultura. Eugénia Cunha queixou-se dos prejuízos causados, exemplificando com o facto de a equipa do espanhol Miguel Botella, especialista na reconstituição de imagens a três dimensões, ter de regressar hoje a Espanha (parte para o México nos próximos dias).
Mas a investigadora, que assegurou patrocínios de uma construtora, um banco e uma fundação, pode vir a ser indemnizada. "É evidente que o IPPAR é uma pessoa de bem, e foram criadas expectativas... Vamos equacionar todas essas situações", adiantou Summaville, prometendo também um inquérito para apurar responsabilidades dentro da instituição.
O pedido de autorização para a exumação fora feito, em Março de 2005, à anterior direcção do IPPAR. Mas, recentemente, a actual foi confrontada com um pedido similar, para o suposto corpo de D. Sebastião, sepultado no Mosteiro dos Jerónimos, e pediu um parecer jurídico, que apontou para a necessidade da autorização governamental. Ontem, a comunicação social anunciou a exumação de D. Afonso Henriques do seu túmulo, classificado como panteão nacional, e o IPPAR decidiu, então, proibi-la.
Além de Miguel Botella, que participou na investigação do corpo de Cristovão Colombo, o projecto conta com a colaboração do historiador José Mattoso, de especialistas em genética (ADN), palio-dietas (dietas antigas), palio-patologias, epigrafia, análises de pedra, metais, madeira e tecidos medievais.
Não falta pois ambição ao projecto de Eugénia Cunha, professora catedrática de Antropologia que tem um doutoramento sobre populações medievais, assente no estudo das respectivas ossadas. A investigação pretende, desde logo, determinar a idade com que o fundador da Nação morreu, em 1186, e apurar a veracidade dos relatos que lhe atribuem uma estatura e uma rebustez enormes. A fractura do fémur que se diz ter sofrido no Cerco a Badajoz, o perfil genético, o tipo de dieta que tinha (à base de carne, vegetais ou alimentos marinhos?) e mesmo a fisionomia do primeiro rei de Portugal são outros aspectos sobre os quais se poderá fazer luz.
1 comentário:
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João Oliveira
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ler esta palhaçada depois de ver a Meredith Monk em Aveiro só dá vontade de acreditar que há quem faça o que deve, como deve, e quem se devia demitir por negligência grosseira
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