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quinta-feira, 17 de julho de 2003

O estádio... ida para Tribunal, parte I



Um dos dois problemas que a aquisição do Estádio Mário Duarte pela Universidade tinha conheceu novos desenvolvimentos hoje. O Tribunal de Conta vetou a aquisição...

Em declarações à Agência Lusa o presidente da Câmara de Aveiro disse que "aventou hoje poder "colocar no mercado" os terrenos do Estádio Mário Duarte, caso seja impossível "contornar" um veto do Tribunal de Contas sobre alienação do espaço à Universidade local."

Mas há mais. Alberto Souto disse, taxativamente que "Se não puder vender o espaço à universidade, coloco-o no mercado", afirmou Alberto Souto (PS), salientando que, dessa forma, obterá maior receita."

A venda dos terrenos à Universidade foi acordada por 2,49 milhões de euros, seguindo uma avaliação da Direcção Geral do Património, e Alberto Souto diz que, "como cidadão de Aveiro", preferia esta alternativa.

Nas suas declarações à Lusa, o autarca admitiu que ainda seja possível regularizar o processo em sede de recurso, "até porque um dos juízes votou contra, e porque se trata de uma divergência de interpretação sobre o alcance e os limites da autonomia universitária".

A Inspecção Geral de Finanças já tinha colocado este caso no Tribunal Administrativo de Coimbra, alegando a mesma questão: a autoridade da Universidade para fazer a aquisição.

Com este negócio por terra, resta-nos duas perguntas: o que irá fazer Alberto Souto com os terrenos e como devolver à Universidade o que esta já lhe pagou...

É que a "ameaça" de colocar os terrenos no mercado não pode ser de ânimo leve. Não acredito que queira tentar retiro o uso desportivo/social dos terrenos em sede de PDM. Isso seria um crime. Se já foi feito, crime é na mesma. Se permitir maior construção nos Armazéns Gerais, pior ainda... Uma rica embrulhada!

Em causa está uma área de 16.800 metros quadrados, integrando o velho Estádio Municipal Mário Duarte e uma zona adjacente para construção.
O contrato-promessa, envolvendo a Câmara e os serviços sociais da Universidade, foi assinado em 30 de Dezembro de 2002 e o pagamento foi acordado em duas prestações de 1,245 milhões de euros, uma das quais foi liquidada em 07 de Janeiro deste ano.

Pacheco Pereira e os blogs



Pacheco Pereira coloca o dedo na ferida em opinião publicada hoje no Público. Como estes textos só ficam disponíveis durante 7 dias, cometi o pecado de colocá-lo no meu repositório de textos sobre novas tecnologias com a data de hoje.
A ideia base, correcta e justíssima para um estudo sociológico sobre a sociedade portuguesa é que 2003 não fica para a história sem o arquivo dos blogs portugueses. Algo que é normal nos EUA, onde as publicações electrónicas, incluindo blogs, que o queiram podem requisitar um ISSN e ganhar algum estatuto legal. Para além disso, seria necessário criar uma estrutura que garantisse, a quem quissesse o "backup" dos dados. E fica a ideia: que tal criar um arquivo de blogs?
Algumas das partes mais curiosas do texto:

Uma parte muito significativa do retrato do Portugal contemporâneo perde-se todos os dias sem apelo nem agravo: a Internet portuguesa. Se bem que eu seja suspeito de querer fazer e guardar o mapa com o tamanho do país que representa, ou seja tudo, nem por isso deixo de me preocupar com essa evaporação invisível dos "bits", assim como de outras formas de "efemera", onde uma parte muito especial do nosso país devia ficar para a memória colectiva.

Guardamos e bem os jornais de paróquia, perdemos e mal as páginas pessoais, os fanzines obscuros, as revistas electrónicas, os blogues apagados, os "sites" de futebol, os locais de raiva e paixão, "hobbies" curiosos, páginas que duram a brevidade de uma campanha eleitoral, elogios e insultos (mais os insultos) nos "newsgroups", "chats" estudantis com linguagens únicas, grafismos de "pastiche", mas reveladores de um gosto ou de escolhas de imitação, músicas experimentais, primícias literárias, obsessões, cultos, etc., etc. Deixo de parte outro aspecto, mais de arquivo do que de "biblioteca", do registo permanente de muita da actividade institucional, governo em particular, e que já se faz usando correio electrónico, que se apaga para sempre, sem o registo mais durável do papel.

Veja-se o caso da blogosfera. A blogosfera devia ter um "depósito obrigatório" imediato. Os blogues, enquanto formas individualizadas de expressão, originais e únicas, são uma voz imprescindível para se compreender o país em 2003. Eles expressam um mundo etário, social, comunicacional, cultural, político que, sendo uma continuação do mundo exterior, tem elementos "sui generis".

A lei que obriga ao depósito obrigatório está completamente desactualizada, e uma nova lei está a ser discutida há tempo demais, sem andar para a frente. Algumas tentativas sem continuidade foram feitas na Biblioteca Nacional, incluindo um estudo em colaboração com o ISCTE sobre o "arquivamento" da Internet, já em 2001. Depois disso o que é que se fez?

Eu estou a fazer os possíveis por alterar este estado de coisas.

quarta-feira, 16 de julho de 2003

Pensamentos de Sao Jacinto



Depois de alguns dias de intervalo, para arrumar melhor o pensamento e diluir possíveis resquícios de ideias feitas, aqui ficam as minhas notas de viagem sobre o Festival Dunas de São Jacinto
1) Sistema de transportes respondeu às necessidades. Claro que no final dos concertos todos queriam ir embora cedo mas...
2) Sistema de entrada relativamente bom, embora não consiga extrapolar para o que aconteceria se estivesse mais gente.
3) Bons serviços de apoio
4) Espaço - muito espaço
5) pouca gente - mas é melhor olhar para a nota seguinte
6) Um erro grave na busca pelo objectivo - Fazer um festival para todos é fazer um festival para ninguém. Fazer para os mais velhos é uma aposta como qualquer outra, mas nesse caso era fundamental adequar as estruturas e os grupos ao conceito. Se queremos atingir um público já com filhos, está correcto ter uma creche mas incorrecto começar a uma quinta. Se queremos agarrar certos "ouvintes" temos que pensar no que perdemos. Dias temáticos, grupos secundários que captassem mais gente... São tudo dados a ter em conta e que não estavam bem explicados...
6)Espero que tenha servido para a economia de São Jacinto...
7)Espero que continue, se forem corrigidos os erros.

Nota final - parabéns (que até apareceram reproduzidos no ecrã) à vereadora Marília Martins. Dependendo dos custos, acredito que é uma aposta ganha. e mesmo tempo em conta esses...
Espero que com este espectáculo não se tenha hipotecado a política de juventude.

segunda-feira, 14 de julho de 2003

As mocoes e as saidas...



Desta vez foi Ulisses Pereira, o pai, que deu a sua opinião em relação à discussão da Assembleia Municipal. Aguardo a opinião de António Salavessa e dos restantes elementos...

Caro João Oliveira,

Desta vez é o “pai” que gostaria de comentar a discussão e votação da moção de censura apresentada pelo PCP à Câmara Municipal de Aveiro, na pessoa do seu Presidente, conforme a moção expressamente refere.
Como intróito, e não obstante o pedido de desculpas do meu filho (o do “caldeirão), gostaria de dizer que estou genericamente de acordo com as suas notas relativas à remuneração dos políticos, embora também subscreva por inteiro o comentário do “Moliceiro”, pois não basta ser um excelente técnico para automaticamente se ser um bom político.

Quanto à discussão e votação da moção de censura apresentada pelo PCP, e muito bem defendida pelo António Salavessa, gostaria de deixar três notas:

1) Ao contrário do que muitos especulavam, até o próprio João Oliveira, houve uma votação unânime de todos os Partidos da Oposição (incluindo Presidentes de Junta) a favor desta moção de censura. Só os Presidentes de Junta que saltaram ou foram “obrigados” a saltar das bancadas dos Partidos da Oposição (Nariz e Requeixo) votaram contra. O que não admira, face ao namoro “socialista / presidencialista” que lhes é feito. Com certeza que os seus “fregueses” teriam um sentido de voto diferente face às últimas facturas recebidas dos SMA (Serviços Municipalizados de Aveiro). E, politicamente, há que retirar as devidas conclusões desta convergência de opiniões e posições. O que estava em causa não eram questões ideológicas, mas o “pisar” dos interesses dos munícipes aveirenses.

2) Na realidade, estas facturas de água emitidas pelos SMA são completamente anacrónicas. Convido todos a olharem com cuidado para as facturas que passaram a receber. Dois exemplos que conheço directamente: a) a factura da sede concelhia do PSD com um consumo de água muito pequeno: 25 €, dos quais o consumo de água efectivo corresponde apenas a 3 €; b) a factura da minha casa em S. Bernardo: 125 €, dos quais apenas 68 € são de consumo. O resto é “disponibilidade de água”, “taxa de resíduos sólidos urbanos”, taxa de resíduos variável”, “disponibilidade de saneamento”, “utilização de saneamento”. Números mais do que significativos! Estamos a falar de facturas referentes a 2 meses, metodologia provavelmente adoptada para tirar proveito dos escalões estabelecidos (e talvez não!). Enfim, Aveiro tem a água mais cara do País. E será para pagar directamente estes serviços, ou outras opções discutíveis do executivo camarário?

3) A saída intempestiva do Presidente da Câmara quando a bancada do PSD, na sua declaração de voto final, referia questões concretas e construtivas, pedindo apenas abertura e disponibilidade para o estudo de alternativas ao critério utilizado de indexação da taxa de resíduos sólidos ao consumo da água, não surpreende a quem tem vindo a conhecer no Presidente da Câmara de Aveiro, um espírito e um comportamento cada vez mais autocrático no tratamento de questões públicas. Mesmo que tivesse alguma razão objectiva, este comportamento é democraticamente inaceitável. A democracia não se explica, sente-se e vive-se, não sendo propriedade de qualquer sector ideológico. Há quem “encha a boca” com a palavra democracia e depois actue desta maneira. Se os deputados municipais tivessem falta de educação cívica e democrática, ausentando-se quando o Dr. Alberto Souto diz algumas coisas que os incomodam e ferem, e que penalizam os Aveirenses, sem conta seria as vezes que a Assembleia Municipal ficaria sem quorum de funcionamento...

Ulisses Pereira (pai)“Disclosure note”: Presidente da Concelhia do PSD



quinta-feira, 10 de julho de 2003

Mocao de censura, parte final!



Ûma vista de olhos pelos jornais aveirenses permite observar coisas muito interessantes... Mas a principal é a da moção de censura feita pelo PCP à Câmara Municipal de Aveiro.
Gostava de ouvir os protagonistas, em especial os membros da minha lista de mailing muito embora o meu correio electrónico esteja disponível para todos. Mas enfim, há pessoas que têm um certo medo de dar a conhecer os seus argumentos em público...

Pedindo desde já desculpas, e por que não estive na Assembleia Municipal, transcrevo o texto do jornalista Rui Cunha, do Diário de Aveiro

Direita alia-se ao PCP mas moção não passa
Nem mesmo a aliança entre direita e PCP serviu para fazer aprovar a moção de censura apresentada em Assembleia Municipal pelos comunistas

O PSD e o CDS/PP optaram por aliar-se ao PCP, mas a moção de censura à Câmara apresentada por iniciativa dos comunistas foi anteontem chumbada pela Assembleia Municipal (AM) de Aveiro. A primeira moção de censura alguma vez discutida na AM tinha por finalidade expressar o descontentamento do PCP pela indexação ao consuma da água da tarifa de resíduos sólidos urbanos e por não ter sido revisto o contrato com a SUMA, empresa que presta serviços de recolha de lixos no concelho.
«É uma forma de cálculo injusta, contra a qual os aveirenses têm protestado», frisou António Salavessa sobre a nova tarifa, em vigor há poucos meses, revelando possuir um abaixo-assinado com quatro centenas de subscrições.
Os argumentos do comunista geraram unanimidade entre toda a oposição. Para Jorge Nascimento (CDS/PP), a autarquia aveirense «está penhorada à SUMA devido a uma volumosa dívida que não consegue solver», acrescentando António Granjeia, do mesmo partido, que a Câmara deve àquela empresa uma verba correspondente a mais de 15 meses de serviços.
Alberto Souto, presidente do município, acusou António Salavessa de «prestar um mau serviço à democracia» por ter apresentado uma moção de censura «sem prudência e sem rigor» e visando apenas «ganhar um título nos jornais».
O autarca socialista anunciou na AM ter renegociado com a SUMA um novo contrato de prestação de serviços, permitindo uma poupança de 500 mil euros anuais e garantindo uma melhoria na assistência prestada. «Não estamos refém da SUMA, estamos é muito satisfeitos com o serviço», vincou Alberto Souto, lembrando que Aveiro «é a cidade mais limpa do país na sua categoria de população». Acrescentou ainda que esta empresa pratica dos preços mais baratos do mercado.
A indexação da tarifa de resíduos sólidos ao consumo de água é o sistema «menos injusto», afirmou o presidente da autarquia, explicando que esta metodologia de cálculo é aplicada por dezenas de câmaras do país. «À direita, ao centro e à esquerda, todos acham que é o melhor método», disse, destacando ser «injusto» se a autarquia optasse por aplicar uma tarifa fixa a todos os munícipes. O modelo poderá, contudo, sofrer melhoramentos, disse Alberto Souto, acrescentando que há cidadãos isentos do pagamento. «Ficava-lhe bem retirar a moção», concluiu o autarca, dirigindo-se a António Salavessa. A moção acabaria por ser votada, recolhendo 15 votos a favor e 21 contra.

O incidente

Era quase meia-noite e a sessão da Assembleia Municipal aproximava-se rapidamente do final. Manuel António Coimbra lia a declaração de voto do PSD referente à moção de censura afirmando que a Câmara de Aveiro não se havia mostrado aberta e disponível para estudar propostas de aperfeiçoamento do modelo de cobrança da tarifa de resíduos sólidos urbanos. Alberto Souto, presidente da autarquia, irritado com a acusação – que já havia sido repetida pelo social-democrata pelo menos duas vezes na mesma sessão –, levantou-se da mesa, pegou na sua mala e abandonou a sala.
Frases da Assembleia Municipal

«”PCP de Aveiro ataca PCP do resto do país” é o título que poderia sair desta Assembleia Municipal»
Filipe Neto Brandão (PS), lembrando que o PCP pratica a indexação dos resíduos sólidos ao consumo de água em algumas câmaras onde é poder

«A indexação à água é uma política que não faz parte dos princípios autárquicos do PCP, e eu tenho dito isso várias vezes»
António Salavessa (PCP)

«Esta moção é um cartão vermelho à Câmara»
António Santos Costa (CDS/PP)

«Assuntos como as taxas incitam à demagogia, e o PCP não resistiu»
Raul Martins (PS)

«O coelho que Alberto Souto tirou da cartola deve merecer a indignação da Assembleia Municipal»
António Salavessa, sobre o anúncio de que o contrato com a SUMA foi renegociado pela Câmara sem conhecimento da AM

«Consta por aí que a SUMA ameaçou terminar os serviços prestados à Câmara de Aveiro por falta de pagamento»
António Salavessa

«Alberto Souto colocou a Câmara de Aveiro num atoleiro»
Jorge Nascimento (CDS/PP)

«Se alguém merece censura é António Salavessa»
Alberto Souto, presidente da Câmara

«No PS costumam dizer que sou de direita. Agora o CDS chama-me socialista de proveniência radical»
Raul Martins


Saliento que gostava de ouvir todos os intervenientes, por isso DESAFIO-OS a escrever. Mas deixo já uma nota em jeito de comentário: Com as citções que leio aqui, demonstrou-se mais uma vez o feitio autocrático de Alberto Souto... O que não ajuda nada a conseguir ter uma visão saudável dos seus feitos à frente da CMA...


Afirmacoes



O nosso leitor Moliceiro voltou a entrar fundo em alguns dos problemas de Aveiro.

"Há muito que Aveiro não exporta políticos. Que não tem políticos com voz nacional. Nos anos mais recentes, o paradigma do político aveirense foi o inenarrável Candal. Foi a nossa glória. Afrontou o Portas com um charuto trancado nos queixos e os jornais gostaram. Resultado: o Portas é ministro e o Candal já não escandaliza. A verdade é que depois do Vale Guimarães, adepto do Belenenses, Aveiro cultivou um umbigo pacato e pacóvio. Perspicaz e diletante, o Dr. Soares lá foi buscar o Vale Guimarães para seu mandatário. Tratou-se do reconhecimento que os aveirenses nunca lhe souberam prestar. Quem se lembra dos cabeças de lista às eleições para deputados do distrito de Aveiro? Do Ângelo. Do Pacheco. Do Mendes. Reparo que só citei gente do PSD. Dos do PS já nem sei quem são. Importamos políticos, isso sim. Nunca li, dessa gente, uma estratégia para o distrito. Ou, pelo menos, assumirem que o distrito, pelo menos o de Aveiro, como entidade política, não tem futuro. O Vale Guimarães, esse, tinha uma ideia: a da coesão federativa do distrito porque sabia não existir uma coesão natural, espontânea. O que se pode pensar de uma cidade que aturou, sem incómodo, um Girão? Ou de um distrito que suportou, sem sobressalto, um Madaíl?

terça-feira, 8 de julho de 2003



Aveirenses bloguistas procuram-se

Gostava de ficar a conhecer outros blogues e bloguistas aveirenses, quer escrevam sobre a regiao quer nao. Escrevam-me ou deixem comentario com o contacto


segunda-feira, 7 de julho de 2003

Ordenados dos politicos - Texto de Ulisses Pereira (filho)



Dado o brilhantismo da cronica, acredito que os comentarios nao se farao tardar!

Em primeiro lugar, queria dar os parabéns ao João pela qualidade das participações neste “cantinho” que já vai sendo de visita obrigatória diária. Em segundo lugar, gostaria de pedir desculpas por vir tocar num tema que já foi aqui discutido mas que, por falta de tempo a que o caldeirão me obriga, não tive possibilidade de escrever sobre ele.

Não sou político, nem tenho ambição a ter qualquer carreira política. Talvez por isso, esteja à vontade para escrever sobre isso sem medo de não alinhar pelo que é politicamente correcto. Compreendo que quem vá a votos tenha que ter esse género de preocupação, mas a minha relação com as urnas de voto é só mesmo para eu ir lá colocar a cruzinha no papel.

Não vou aqui falar da forma como a maioria das pessoas sobe na carreira política. A maior parte dos leitores deste espaço conhece bem o interior dos partidos e sabe bem como o jogo de influências, o favor aqui retribuído ali, a vingança - entre outros “fantásticos” motivos – são decisivos para a ascensão a lugares de relevo na política a pessoas cuja competência é pouco mais do que medíocre.

O que quero falar é sobre os ordenados dos políticos. Pode parecer criminoso, em tempo de depressão (fujo a sete pés da palavra “recessão”) económica, dizer que os políticos deviam ser melhor remunerados. Mas a verdade é que enquanto os políticos não forem melhor pagos, continuaremos a não ter os melhores nos lugares de decisão política.

Perdoem-me os vários políticos que lêem este espaço (o meu pai incluído) mas, na minha opinião, os mais competentes Homens (leia-se “homens e mulheres”) não estão na política e deveriam estar.

Face à medíocre qualidade de alguns dos políticos actuais, diria que muitos deles são até demasiado bem pagos! Contudo, isso não invalida que eu ache que a elite da classe política tenha que ser muito bem paga (ao nível dos gestores de topo das maiores empresas nacionais), sob pena de continuarmos a não termos à frente dos mais importantes órgãos legislativos e executivos do nosso país, as mais competentes pessoas.

Sei que muitos daqueles que estão a ler estas linhas, estarão já cheios de vontades de dizer que a política é muito mais do que uma mera forma de ganhar uns tostões e é, sobretudo, um serviço prestado ao país. Concordo completamente, mas hoje em dia não podemos estar apenas a contar com o espírito altruísta de alguns. É imperioso que se consigam reunir um elevado número de argumentos que aliciem as “grandes cabeças” deste país a abraçarem a actividade política.

Recordo-me, por exemplo, da vontade que o Dr. Durão Barroso tinha em ter o Dr. António Carrapatoso, administrador da Vodafone Telecel, no seu Governo. Quando fiz as contas, verifiquei que, caso aceitasse o convite, o Dr. António Carrapatoso ia ganhar num ano aquilo que ganha, actualmente, num mês. Surpreendeu alguém que ele tivesse declinado o convite? A mim não...

Olhem para a nossa Assembleia da República e analisem a qualidade dos deputados que a constituem. É claro que há vários deputados com muito nível, mas confesso conhecer alguns que não têm qualidade para pertencerem àquela casa. Se lá estão é pela forma como a ascensão na carreira política é feita e pelo facto de lá faltarem dezenas de potenciais deputados que não estão interessados em lá estar, devido ao facto de não ser aliciante economicamente.

Muitos rejeitam o aumento das remunerações da classe política pelas dificuldades económicas do país, mas eu pergunto: Quantos milhões, no médio/longo prazo, produziria a mais o nosso país caso estivessem à frente dos seus destinos as pessoas mais competentes? Seria o aumento dos ordenados dos membros do Governos que iria fazer aumentar a crise? E, em relação aos deputados, porque não aumentar os seus vencimentos e reduzir o número de deputados, tornando esta medida viável e sem custos adicionais?

Claro que, aqueles que pertencem aos partidos e lidam diariamente com a “guerra dos lugares” começa logo a argumentar contra esta última hipótese, sob pena do Parlamento ser desvirtuado. É facilmente compreensível o “nervoso miudinho” que deles se apodera quando se toca neste assunto, pois passaria a ser cada vez mais complicado o degradante jogo de bastidores para colocar na AR alguns frutos de favores.

O que eu estou aqui a escrever não é original. Já vários políticos se manifestaram no sentido do aumento do vencimento dos deputados. O que é certo é que, na altura da verdade (leia-se “na hora de alterar a lei”), começam a pensar nos votos, a temer a reacção popular e – como é seu apanágio – abandonam a ideia, receando a perda de popularidade.

Quero ver à frente do meu país, as mais competentes pessoas. Quero que as pessoas não deixem de ser deputados ou ministros porque não são bem pagas. Quero que as mais competentes pessoas do meu país o liderem. Gostava que, um
dia, as pessoas percebessem que pagar mais aos políticos, em vez de custar dinheiro ao país, no longo prazo, daria muito dinheiro a Portugal.
Eu sei que é politicamente incorrecto dizer isto. Eu sei que muitos políticos não dizem isto porque são políticos. Eu sei que não sou político e, por isso, posso dizer à vontade o que acho sem medo de nada. E o que eu acho é que os políticos deviam ser mais bem pagos. Mesmo que isso não bastasse para resolver os problemas da nossa classe política. Mas tenho a certeza que, caso sentissem os seus lugares ameaçados, muitos dos nossos políticos fariam muito melhor do que o que fazem hoje.

Ulisses Miguel Couceiro Pereira (o filho)
www.caldeiraodebolsa.com

um moliceiro anónimo



Um nosso leitor, anónimo, com o nome de Moliceiro acha que nao temos sociedade civil. Ficam aqui os seus comentários, que devemos nóps comentar! Eu aguardo o meu próximo texto para falar sobre o assunto...

aveiro não tem sociedade civil. é uma cidade que foi perdendo a memória após o crescimento delirante que o dr. girão protagonizou. há algo de patético numa cidade que tem uma universidade mas não tem uma cultura. um dia destes, passando na avenida, agora assassinada pelo souto com a passagem disnevelada, vi o artur fino, o do teatro e da pintura. não pude deixar de pensar: ele conseguiu ser maior do que a cidade.

sexta-feira, 4 de julho de 2003

Um texto de qualidade



José Pacheco Pereira é um descomprometido, um visionário, por vezes, e um fatalista paciente.
A sua crónica no Abrupto sobre aquilo que aconteceu entre o presidente Berlusconi e o eurodeputado alemão é importante.

É importante por vários motivos: para podermos perceber, enfim, aquilo que se passou. Para termos o ambiente vivido, algo que grande parte dos outros jornais não refere, diabolizando o presidente Berlusconi. Algo também para voltar a lançar o debate sobre a importãncia dos blogs, das pessoas mediáticas e das novas formas de jornalismo. Ou pelo menos da forma como temos que ver o jornalismo.

Recomendo vivamente que leiam. E que digam o que sentem.


quinta-feira, 3 de julho de 2003

As instituições



Enquanto aguardamos, com a sensação que não serve para nada mas o prazer que o debate político dá, o balanço da moção de censura do PCP (e comportamento da oposição PSD/CDS) gostava que debatessemos o papel da sociedade cívil no futuro de Aveiro.

Sociedade civil é um eufemismo curioso para designar as estruturas e cidadãos individuais que, não estando ligados a estruturas de governo, tentam intervir no processo participativo e político. Exclui-se, é claro, os partidos políticos, que já são formados para essa intervenção e por isso não se enquadram no título.

Por esta definição, parte-se do princípio que “sociedade civil” deve ter a força para “alavancar” e trabalhar em áreas complementares ou fundamentais, colmatando erros do Estado ou entrando em sectores não cobertos ou deficientemente garantidos.

As associações empresariais, desportivas, entidades de serviços, instituições ligadas ao ensino, cultura, justiça social são alguns dos exemplos que é possível dar. E terá que ser com essas entidades que criamos uma nova cidade e uma nova cultura.

Aquilo que irei iniciar aqui, entrecortado com as informações para um Aveiro melhor (e mais informado), é o debate necessário sobre as várias instituições. Apelo para o vosso desafio pois o blog é de todos. Quem quer começar?

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