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quarta-feira, 17 de março de 2010

Organizem-se!

Organizem-se!

Não nos queremos imiscuir na discussão sobre políticas culturais mas ultimamente temos pensado na história da galinha dos ovos de ouro, aquela que conta como a falta de paciência e de tino fez com que a matassem por pensarem que era mais fácil ir directo à barriga em vez de esperarem pelos ovos.
Tudo isto a propósito dos últimos espectáculos culturais que tivemos aqui pela região. Depois de anos e anos em que quase não havia nada e muito menos escolha, de repente a fome deu em fartura e chegamos ao cúmulo de ter três espectáculos musicais e um de teatro de bom nível na mesma noite num raio de 20 km.

Dá vontade de dizer “organizem-se!” como o outro da anedota, é que caso houvesse mais organização e coordenação, principalmente no “eixo” – Estarreja – Ílhavo – Aveiro e poderemos aqui incluir Águeda, embora a programação das sextas culturais, a cargo da D’Orfeu, tenha sido anunciada com bastante antecedência e método (1 concerto por mês, na segunda sexta-feira de cada), ao contrário de outros programas que parecem ter sido feitos com tanta urgência que se sobrepõem ao ponto de “roubar” espectadores uns aos outros ficando poucos a ganhar com tanta sobreposição. Nalguns casos, da mesma autarquia!

Sem querer ter o papel de “grilinho falante” queremos apenas apelar ao bom senso dos programadores da região e pedir que no futuro se coordenem uns com os outros sob a pena de num futuro próximo, em vez de tanta escolha ao ponto de termos de eliminar opções, passemos a não ter escolha nenhuma por se acabarem os apoios com o argumento da falta de espectadores, recentemente aludido na polémica em relação a um suposto “elitismo cultural” do Teatro Aveirense. A “talhe de foice” não é demais lembrar os recentes sucessos de bilheteira que foram o concerto de The Legendary Tiger Man e de Diabo na Cruz (este por outras razões), ambos com sala cheia, o que prova que se estará no caminho certo, basta que se dê “tempo ao tempo”.

Mal é quando não se percebe que o entertenimento/cultura está a “concorrer” directamente na carteira dos portugueses com um jantar fora, ou um cinema, ou um livro, ou uma ida ao futebol. Mal é quando não se percebe que o mercado de Estarreja, Águeda, Ílhavo e Aveiro é o mesmo... em termos culturais. As salas de espectáculo distam pouco mais de meia hora umas das outras e por isso, tanto vemos um bom espectáculo em Águeda ou Ílhavo. Onde ele estiver...

Não é demais alertar que o número de habitantes e o seu poder de compra não permite salas cheias em tantos espectáculos em simultâneo.
Por favor não matem a galinha!

João Oliveira
Notas de Aveiro
João Nuno Silva
A certeza da música

Post conjunto dos dois blogues

4 comentários:

  1. Concordo em absoluto. Aveiro com vários espaços, Ílhavo, Estarreja, Águeda e, embora mais distantes, também S. João da Madeira e Espinho dão cartas. É bom haver escolhas e diversidade na oferta mas seria do interesse de todos termos alguma coordenação. Só teriam a ganhar e nós também.

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  2. ó João, eu até concordo com alguns pontos referidos mas não podes generalizar essa questão da "coordenação" da programação. Cada espaço tem que trabalhar para o seu público, para a cidade onde está inserido. Não se pode estar a recusar propostas só porque um outro espaço já tem um evento calendarizado. Às vezes irrita, eu sei. Principalmente quando gostávamos de ver dois espectáculos no mesmo dia e à mesma hora. Mas eu não me queixo. Antes queixava-me pela falta de opções. Hoje em dia deixei-me disso. Penso positivo porque é bom termos que escolher. Não gosto de monocultura.

    E há escolhas difíceis na vida. Na escolha de espectáculos é a mesma coisa. Eu imagino se estivesses em Lisboa, davas em doido.

    Como o meu pai costuma dizer, há mais marés que marinheiros. E com isto tudo não quero negar que já me senti FURIOSO porque só podia estar num sítio...

    Mas, se todos os problemas da cultura se resumissem a isto, estávamos nós bem. É muito mais complexo do que falta de espectadores e falta de coordenação.

    Uma ideia inteligente era formar uma rede de programação que abarcasse o eixo Coimbra-Espinho (mais ou menos) e que incluísse todas estas salas e aí sim, a programação era repartida (e os gastos também, o que é uma grande vantagem).

    Mas assim, independentes e de costas viradas será impossível. Cada um faz o seu trabalho e não olha à volta. Ílhavo então dá-me a ideia que vive per si. Mas pode ser só a minha impressão.

    Teatro Aveirense, Performas, Estaleiro Teatral, CC Congressos, CC Ílhavo, CT Estarreja, entre outros, bem que faziam uma confederação!!!! Falta algum?

    abraços!

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  3. Caro Ivo,

    Já estive dez anos em Lisboa e não me sentia maluco porque os mercados são diferentes. São as peças de teatro que ficam vários dias, a certeza que aquele espectáculo volta, o poderes optar por todos os filmes que queres ver, etc.

    Já aqui sabes que não é assim. Mas tens uma boa análise, de quealquer forma e dás uma boa sugestão, que era a ideia do nosso artigo. Organizem-se...

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  4. Está porreiro este espaço. Sim senhor, bonito layout!

    Um abraço.

    Alírio

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