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sábado, 12 de março de 2011
Eu NÃO QUERO estar no Protesto da Geração à Rasca
Hoje é o dia da geração à rasca. E eu não quero estar nessa manifestação. Porque os seus princípios vão contra os meus. As suas palavras são opostas às minhas ideias. E a sua acção? Exacto, que acção...?
Um pouco de história: eu tenho a idade da "geração rasca" que se transformou em "à rasca". Foi a malta da minha idade e com menos dois anos que esteve a lutar contra a PGA (em 1992) e contra as propinas (em 1993) e que mostrou o rabo à Manuela Ferreira Leite. Foi essa geração que não quis um exame nacional de acesso, que foi contra os numerus clausus. Grande parte dos manifestantes e líderes da altura eram e são de esquerda, alguns dos quais estão no Governo (Fernando Medina, por exemplo) ou no corredores e em instituições académicas.
Esta é a geração mais qualificada, como dizem. A geração a quem os pais, com o trauma de PRECS e ditadura deu tudo e deixou fazer tudo. É uma geração que pode estudar até quando quis, uma geração que pode ficar em casa dos pais até quando lhe apeteceu e foi a primeira geração que pode desfrutar da abertura a sério da União Europeia: ERASMUS, INOV Contacts, estágios europeus, etc.
É uma geração que quer....segurança, direito ao emprego... não se lê mais nada de jeito. Ah, é verdade, até se lê... Que eles também têm culpa. Pois têm.
É a geração que mais se alienou da sociedade. Nota-se pela falta de ligações associativas, pela falta de espírito associativo. É uma geração hedonista, individualista, que não vota e não está nem ai...
É uma geração de causas, dizem. Pois é: uma geração que em 15 anos apenas se juntou por Timor e pela Selecção Nacional, e mesmo assim só em 2004. É uma geração que não se revoltou nem se mexeu quando os governos estavam a destruir o seu mundinho. Uma geração que não vota, uma geração que não se junta aos partidos e tenta mudar o país. Uma geração que quer é, para além daquilo que os pais já lhe deram, também quer a segurança do trabalho como os pais ainda têm... e não se lê mais nada.
Seria a favor da manifestação se lesse coisas como empreendorismo, mudar por dentro o estado de coisas, lutar. Se reconhecesse credibilidade. Mas curiosamente, aos que reconheço credibilidade, são os talentos: os que aos trinta e poucos estão a mudar a nossa ciência, os que não se queixam de estar a vier no mundo global, os que vendem empresas à Microsoft e pensam no futuro. Esses, estarei com eles. Porque se queremos mudar a face política, por mim, mudaremos por dentro. Ou ao lado. Nunca à margem e só quando lhe doi. Para esse peditório, não dou. Chamem-me individualista...
Um pouco de história: eu tenho a idade da "geração rasca" que se transformou em "à rasca". Foi a malta da minha idade e com menos dois anos que esteve a lutar contra a PGA (em 1992) e contra as propinas (em 1993) e que mostrou o rabo à Manuela Ferreira Leite. Foi essa geração que não quis um exame nacional de acesso, que foi contra os numerus clausus. Grande parte dos manifestantes e líderes da altura eram e são de esquerda, alguns dos quais estão no Governo (Fernando Medina, por exemplo) ou no corredores e em instituições académicas.
Esta é a geração mais qualificada, como dizem. A geração a quem os pais, com o trauma de PRECS e ditadura deu tudo e deixou fazer tudo. É uma geração que pode estudar até quando quis, uma geração que pode ficar em casa dos pais até quando lhe apeteceu e foi a primeira geração que pode desfrutar da abertura a sério da União Europeia: ERASMUS, INOV Contacts, estágios europeus, etc.
É uma geração que quer....segurança, direito ao emprego... não se lê mais nada de jeito. Ah, é verdade, até se lê... Que eles também têm culpa. Pois têm.
É a geração que mais se alienou da sociedade. Nota-se pela falta de ligações associativas, pela falta de espírito associativo. É uma geração hedonista, individualista, que não vota e não está nem ai...
É uma geração de causas, dizem. Pois é: uma geração que em 15 anos apenas se juntou por Timor e pela Selecção Nacional, e mesmo assim só em 2004. É uma geração que não se revoltou nem se mexeu quando os governos estavam a destruir o seu mundinho. Uma geração que não vota, uma geração que não se junta aos partidos e tenta mudar o país. Uma geração que quer é, para além daquilo que os pais já lhe deram, também quer a segurança do trabalho como os pais ainda têm... e não se lê mais nada.
Seria a favor da manifestação se lesse coisas como empreendorismo, mudar por dentro o estado de coisas, lutar. Se reconhecesse credibilidade. Mas curiosamente, aos que reconheço credibilidade, são os talentos: os que aos trinta e poucos estão a mudar a nossa ciência, os que não se queixam de estar a vier no mundo global, os que vendem empresas à Microsoft e pensam no futuro. Esses, estarei com eles. Porque se queremos mudar a face política, por mim, mudaremos por dentro. Ou ao lado. Nunca à margem e só quando lhe doi. Para esse peditório, não dou. Chamem-me individualista...
8 comentários:
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João Oliveira
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As opiniões contrárias fazem com que eu forme a minha. Visto que sou uma nulidade em discussões deste tipo, é sempre bom estar rodeada de pessoas que percebem a actualidade e me ajudam a vê-la.
ResponderEliminarObrigada pela tua opinião, João :) *
Mariana, nenhuma opinião é má. E como sabes, dos argumentos forma-se a luz. :) Bom trabalho, luta pelo que é teu e não te resignes...
ResponderEliminarRevi-me bastante no que escreveste. Eu sou do tempo do PGA e foi connosco que saíu o termo "Geração Rasca" que depois alguém para disfarçar a calinada infeliz do autor lhe chamou "Geração à rasca". O pior é que esta falta de cidadania e espírito comunitário vai piorando de geração para geração. Esta geração, salvo raras excepções, é realmente uma geração "micro-ondas". Na minha opinião, mesmo concordando e não concordando com a manifestação, nunca deveria ter sido espalhado pelas cidades. Deveria ter-se feito um esforço para se terem juntados todos em Lisboa. Aí sim criavam impacto. Mas nem numa manifestação querem sair do seu mundinho.
ResponderEliminarOlá João
ResponderEliminarPondo de parte o problema do trabalho precário, estou completamente de acordo consigo...parabéns pelo texto.
Isabel
Não estou de acordo com a geração que não vota.
ResponderEliminarA única vez que não votei foi porque não me encontrava em Portugal.
E da grande maioria das pessoas da minha idade (28) até faz do dia do voto o dia em que nos juntamos todos.
Porque estamos todos longe e basicamente só nos vemos quando votamos e no Natal.
Quanto a falta de associativismo, também não estou de acordo.
Existem incontáveis associações quer de cariz lúdico, como de ajuda a sociedade, e mesmo as juventudes partidárias que me causam alguma repulsa, porque olho para eles e apenas estão ali para arranjar um JOB em vez de estarem ali por um ideal ou por quererem realmente ajudar/mudar algo.
Mas elas existem.
Em relação a empreendedorismo é uma palavra que já me começa a chatear.
Eu neste momento ando a montar uma empresa.
E basicamente sinto que estou a trabalhar para o Estado, para pagar impostos ao Estado.
Para pagar subsídios a quem nada faz.
E também não vamos todos montar empresas a torto e a direito.
Ao menos a geração à rasca quer trabalhar!
Sinto que quem estragou grande parte do que há por aqui foram as associações sindicais e as suas ideias da treta e os que quiserem ir para a política para o tacho.
Querem o subcidiozinho para o almoço, para o natal, para as férias, para tudo.
Mas que coisa idiota.
Se eu trabalho 12 meses, só facturo 12 meses, porque vou ter 14 salários?
Aliás só se trabalha 11 meses e recebe-se 14.
Não admira que o recibo verde seja usado a torto e a direito.
É muito mais fácil para uma empresa gerir um subsidio verde que um contracto.
Mas depois vamos ter com as empresas e segunda não se pode falar com ninguém que esta tudo amuado com fim de semana e sexta de tarde tb ninguém trabalha.
Ou seja só se trabalha 3ª, 4ª e 5ª .
Esta geração é a geração à rasca? Não, a geração à rasca quer trabalhar!
Alias até trabalham de borla na esperança de aumentar o currículo que de nada servirá porque o outro tipo que estava na juventude XPTO entrou.
Esta manifestação foi essencial para mostrar que o pessoal não está em casa sentado a ver TV.
Foi essencial para mostrar que o pessoal não quer subsídios da treta.
Querem trabalhar.
Provavelmente foi das manifestações com o melhor motivo que houve desde o 25 de Abril.
Querer trabalhar. E ser pago por isso claro.
E ainda foi mais bonito pela ideia não ter partido de nenhum Partido ou associativismo qualquer.
Este protesto mais do que um protesto de jovens insatisfeitos é um protesto de uma sociedade insatisfeita pelas condições em que se esta a viver. Compreendo a a tua posição, mas aposto que estas com trabalho e que nao tens necessidades maiores, i.e., que não te falta o pão na mesa.
ResponderEliminarE ainda que muitos dos que se manifestaram se possam carcaterizar como os descreves, nunca é tarde para que ganhem uma maior consciencia social e politica. E este protesto certamente fez muitos deles pensar sobre estes assuntos. Eu censuro quem se afasta da politica tendo em conta a forma como esta a ser feita politica. Vejo muitas vezes a existencia de valores mais puros e entre jovens e adultos "incultos" do que naqueles que se podem chamar de "doutores". E a meu ver, tudo começa pelos valores que cada um transporta dentro de si sendo que é através desses valores se consegue uma sociendade mais justa, saudavel e equilibrada.
Diogo e Emanuel,
ResponderEliminarAgradeço os vossos contributos. Queria apenas esclarecer dois pontos: Diogo, não estou instalado e até estou sem trabalho. Não julgues que a minha situação condiciona a minha opinião.
Emanuel, concordo com alguns dos seus pontos de vista e o seu desanimo também é o meu. Mas não se aborreça com a palavra "empreendedor" - é um estado de espirito... O que devem mudar são as leis, como diz: para que 14 salários, mais produtividade, menos impostos, para permitir criar riqueza e mais postos de trabalho. Para podermos criar empresas e ganhar dinheiro. Boa sorte, meu caro!
Bom texto. Esta «gração à rasca» é a mesma que vai a 10 festivais de musica que vamos ter no Verão.
ResponderEliminarConcordo com praticamente tudo o que escreveste.