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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Um balanço das Olimpíadas de Londres 2012


Vi quase todas as participações portuguesas e acompanhei o trabalho da RTP na cobertura das Olimpíadas. Fica aqui um balanço, pessoal, do que assisti.

Cobertura mediática: A RTP apostou num canal pivot (a 2), um canal com programação própria e momentos olímpicos, como a RTP Informação e o Canal Olímpicos HD, com as grandes transmissões. Quem seguia a 2 viu todas as participações portuguesas, dado que o pivot interrompia sempre que determinado atleta ia participar. Correu bem, foram muitos bons nesse aspecto. É normal privilegiarem os dois desportos "maiores" a natação e o atletismo, com a ginástica a ficar com uma parte grande e depois as modalidades colectivas. Este ano, o ténis de mesa começou a ter destaque, devido a participação portuguesa.
A parte da RTP1 não fez sentido nenhum. Só passou futebol, onde Portugal não participava. Rídiculo.

Nos jornais, o Público fez um trabalho sereno e interessante (não que não tivesse cometido uma falha gravíssima, com os 4x100 femininos...) e muitas vezes com a foto de manchete relacionada com os JO.
Os desportivos continuam iguais: o futebol é que vende e por isso com a excepção da medalha, nunca mais houve manchete sobre os jogos, mesmo que depois tivesse cobertura de capa...

Componente Desportiva: Vicente de Moura, na sua última olimpíada como presidente do COP, disse tudo: "este é o Portugal que temos". É verdade. Com o sistema desportivo que temos, o normal será isto: uma medalha, duas é a expectativa normal para cada olimpíada. Esperar mais sem um trabalho fortíssimo nas modalidades, sem apontar prioridades, sem pensar a 4 ou a 8 anos, é continuar a chover no molhado...
O Chefe de Missão, Mário Santos, presidente da Federação de Canoagem, foi um chefe de Missão equilibrado e com valor. Não poderia ter evitado a bronca na Vela (RS:X feminino) mas mesmo ai foi sóbrio e correcto.

Cultura Desportiva: Não há. Os comentários de "turistas" e que "lhes andamos a pagar a vida boa" grassaram nas redes sociais. As pessoas falam do que não sabem com uma facilidade incrível e entendem as bolsas como "salários" milionários. Não conhecem os sacríficios, o trabalho da maioria das federações e por isso, normalmente sai asneira.
Esquecem-se que os atletas que foram aos JO precisaram, na maioria dos casos, de manter durante 2 anos lugares entre os melhores do mundo, muitas vezes com qualificações que implicam andar por todo o mundo (qualificação olímpica da vela, do triatlo, do judo, por exemplo) ou estar no seu melhor em campeonatos do mundo específicos. Ou viver durante muito tempo fora da família porque vivem nos centros de rendimento (exemplo de Montemor ou Anadia).

Atletas: Assumo o desconhecimento e dou claramente os parabéns aos dois cavaleiros, Gonçalo e Luciana. Que provas incríveis (embora não perceba puto da prova de Dressage ;) Na canoagem, foram os melhores, e portaram-se todos de forma incrível. No atletismo, modalidade que conheço bem, já sabia que as expectativas concentravam-se em quatro provas: peso, triplo salto e marcha, para além da maratona feminina. Ao correrem mal as qualificações do Marco e da Mamona, tudo terminou com menos alegrias. Mas a verdade é que mesmo as esperanças eram para finalistas, pois os rankings não enganam... Quanto ao Ténis de Mesa, confessem: alguém sabia que Portugal era o 7º classificado do ranking mundial? Estes foram os jogos do Marco Freitas, do Tiago Apolónia e do João Monteiro. Acredito num "boom" nesta modalidade, que deve ter tido a melhor cobertura televisiva de sempre. Quanto a natação, não podiamos querer mais. Talvez um recorde ou outro a mais. Não esquecer que só Diogo Carvalho sabia que ia com minimos um ano antes (essencial para preparar a época com calma) e há mais de 20 anos que não chegamos aos 16 melhores... Por isso não podíamos pedir mais. No triatlo, o João Silva foi a confirmação do seu valor. Na Vela, o João Rodrigues merecia outro final para o seu recorde de presenças e Gustavo Lima também. Já os 49'ers e a dupla Marinho/Nunes estiveram ao seu nível. Estes últimos devem estar frustrados: 4 Jogos Olímpicos, 4 Diplomas Olímpicos. Frustrados por não terem medalha, mas com um historial de fazer inveja! Outro ao mesmo nível? O impassível João Costa, no Tiro.
Não vale a pena escrever sobre a Clarisse, atleta que já conheço há anos, ao contrários dos que a conhecem há dias. Ela retrata a realidade da maioria dos atletas nacionais, não se esqueçam disso.
Com raras excepções, tivemos atletas olímpicos dignos, que conseguiram os seus mínimos e que foram aos JO para aprender e dar o seu melhor. É esse o espírito.

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João Oliveira

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