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segunda-feira, 23 de dezembro de 2002

Dúvidas do Mário Duarte

João Manuel Oliveira
Nuno Arroteia

“A Câmara Municipal de Aveiro vai vender o Estádio Mário Duarte à Universidade da cidade. O executivo camarário vai vender o recinto, que é propriedade municipal, por 2,5 milhões de euros quando o Beira-Mar se mudar em definitivo para o estádio que a autarquia está a construir nos arredores de Aveiro”
Esta foi a notícia “esperada” que mais nos custou ler nas últimas semanas. As dúvidas são muitas e gostaríamos que reflectissem connosco sobre a gravidade das mesmas.

A Câmara de Aveiro e o seu presidente, Alberto Souto de Miranda denota, mais uma vez, que as grandes opções de futuro da cidade são para pouco discutir entre os cidadãos. Os assuntos, pensados durante meses no inner-circle do presidente são colocados de uma forma subtil sempre como algo de já concluído, fundamental, impossível de alterar ou tão urgentes que ultrapassem qualquer regra de lógica política. Um exemplo transparece desta notícia. O “Público”, jornal de onde tirei esta citação da Lusa refere que Alberto Souto “admitiu que o Beira-Mar não foi informado prévia e formalmente desta decisão camarária, mas não afastou a possibilidade de negociar com o clube contrapartidas pelas benfeitorias feitas no Estádio Mário Duarte”. O estádio, que vai parar às mãos da Universidade por pouco mais de um terço do que, há pouco tempo, a câmara queria pelo negócio (1,5 milhões de contos) demonstra que o que interessa é que haja dinheiro para o Euro’2004. A lisura fica para depois…

Este negócio entre duas entidades importantes da cidade demonstra outras formas de olhar a cidade. Entre as quais, o fim do projecto de Girão Pereira de uma zona verde longitudinal que atravessasse a cidade. Com efeito, a proposta de “matar” o campo de treinos da cidade – moradias de luxo oblige – e a venda com construção assegurada do Estádio corta, de vez e para sempre, o cordão verde da Baixa de Santo António, Parque e o espaço lúdico-ambiental verde de Santiago.

Outras dúvidas se levantam com este negócio. Segundo a mesma notícia, “destina-se à expansão da Universidade, prevendo-se o aproveitamento do relvado e a demolição de bancadas. A área global a vender à Universidade é de 16.800 metros quadrados e numa parte será admitida a construção de 4.500 metros quadrados acima do solo, numa área de implantação de 900 metros quadrados”. Uma simples conta de aritmética nos informa que serão CINCO pisos acima do solo, que a Universidade irá construir, sensivelmente a área do Hospital. Por falar em Hospital, que no mandato anterior de Alberto Souto tinha preparado a sua expansão para os Armazéns Gerais…

Para além do autoritarismo das decisões, da destruição de uma zona verde, da construção na área, também a Universidade de Aveiro fica marcada definitivamente com este acordo. Interessados na compra, esta entidade vai contrariar a tendência das universidades para dizerem que não têm dinheiro para nada. Entre Moagens, Estádio Mário Duarte, Crastos, etc, a expansão física da universidade continua, haja dinheiro…

Claro que com a perplexidade de neste acordo estarem as duas entidades que, há menos de dois anos não tiveram nem acordo nem dinheiro para a segunda fase da pista de atletismo, instalada nos terrenos da Universidade. Também lá continua-se sem bancadas e, curiosamente, esteve em risco um relvado preparado de novo. Não pomos em dúvida que a Universidade, com dinheiros ou sem eles, faça a gestão dos recintos. Para as suas equipas de futebol e râguebi jogarem, o defunto (e futuramente sem bancadas!) Mário Duarte servirá perfeitamente. Esperemos que com seguro para evitar estragos feitos pelas bolas nas moradia vizinhas…

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João Oliveira

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