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terça-feira, 31 de dezembro de 2002

Desejo um Bom 2003 a todos!

sábado, 28 de dezembro de 2002

O futuro de Aveiro

João Manuel Oliveira
jmo@esoterica.pt

Nesta época festiva, é importante, para um melhor 2003, que se analise em abundância o significativo de 2002 para, a partir daí, definir de forma correcta o que devemos fazer no ano que está prestes a entrar.

Devido a isso, impõe-se uma reflexão, um princípio e uma forma coerente de olhar Aveiro. Aveiro que tem uma oportunidade pela frente mas também um desafio e uma lógica que deve ser mudada. A de cidade-região, a de cidade-modelo e a de cidade coerente.

A de cidade-região prende-se com uma visão intermunicipal onde, muito embora “espaço central” não submeta as outras cidades e espaços aglutinadores e sejam encontrados espaços dialogantes. É curioso que num espaço relativamente plano, onde é fácil e frequente a deslocação de populações, subsistam inúmeras cidades, inúmeras vontades e inúmeros “caciques”. Cada um dos concelhos vive com o peso de um mesmo desenvolvimento estratégico, com a mesma lógica de utilização de todos os instrumentos de desenvolvimento. Como se cada um deles necessitasse de todas as ferramentas e não passasse sem nenhuma. Ou se cada um dos concelhos fosse um espaço-estanque e perfeitamente definido, sem relações de vizinhança e sem conhecimento do que pode ser conjugável. Estou a falar de “coisas” tão simples como uma definição de estruturas industriais, políticas de desenvolvimento dos solos, turismo, entre muitas outras.

Aveiro como cidade-modelo e Aveiro como cidade-coerente são, potencialmente, outros chavões que necessitam de justificação. Mas quem olha com a paixão desavinda pela cidade, aquela paixão que já foi amor, que se sentiu traído e por isso já reconhece algumas rugas, demonstra que Aveiro está a ir por um caminho, é certo, mas sem se saber muito bem qual o fim que esse caminho leva.

Aveiro deve saber priorizar as suas necessidades – aquelas que são mesmo necessárias – e caminhar para a excelência. Deve lembrar-se que o paradigma de cidade moderna não é necessariamente o de cidade-construção. Deve lembrar-se que entre o “nada feito” que os socialistas criticaram a Celso Santos e a “cidade imobiliária” de Alberto Souto, pode e deve aparecer o equilíbrio.

O equilíbrio que mostre que Aveiro é uma cidade coerente. Uma cidade que aposta em terminar as infraestruturas fundamentais à qualidade de vida de um cidadão, uma cidade que aposta na preservação histórica, na recuperação do que está degradado, numa cidade que necessita de acreditar numa aposta tecnológica e numa verdadeira ligação à universidade.

Uma cidade que precisa pensar para decidir, uma cidade que não precisa de crescer assim tanto: queremos mesmo ser como Braga? Queremos não ter nada para mostrar de verdadeiramente importante?

Esperemos que 2003 seja um ano em que algumas destas perguntas comecem a ser verdadeiramente importantes.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2002

Dúvidas do Mário Duarte

João Manuel Oliveira
Nuno Arroteia

“A Câmara Municipal de Aveiro vai vender o Estádio Mário Duarte à Universidade da cidade. O executivo camarário vai vender o recinto, que é propriedade municipal, por 2,5 milhões de euros quando o Beira-Mar se mudar em definitivo para o estádio que a autarquia está a construir nos arredores de Aveiro”
Esta foi a notícia “esperada” que mais nos custou ler nas últimas semanas. As dúvidas são muitas e gostaríamos que reflectissem connosco sobre a gravidade das mesmas.

A Câmara de Aveiro e o seu presidente, Alberto Souto de Miranda denota, mais uma vez, que as grandes opções de futuro da cidade são para pouco discutir entre os cidadãos. Os assuntos, pensados durante meses no inner-circle do presidente são colocados de uma forma subtil sempre como algo de já concluído, fundamental, impossível de alterar ou tão urgentes que ultrapassem qualquer regra de lógica política. Um exemplo transparece desta notícia. O “Público”, jornal de onde tirei esta citação da Lusa refere que Alberto Souto “admitiu que o Beira-Mar não foi informado prévia e formalmente desta decisão camarária, mas não afastou a possibilidade de negociar com o clube contrapartidas pelas benfeitorias feitas no Estádio Mário Duarte”. O estádio, que vai parar às mãos da Universidade por pouco mais de um terço do que, há pouco tempo, a câmara queria pelo negócio (1,5 milhões de contos) demonstra que o que interessa é que haja dinheiro para o Euro’2004. A lisura fica para depois…

Este negócio entre duas entidades importantes da cidade demonstra outras formas de olhar a cidade. Entre as quais, o fim do projecto de Girão Pereira de uma zona verde longitudinal que atravessasse a cidade. Com efeito, a proposta de “matar” o campo de treinos da cidade – moradias de luxo oblige – e a venda com construção assegurada do Estádio corta, de vez e para sempre, o cordão verde da Baixa de Santo António, Parque e o espaço lúdico-ambiental verde de Santiago.

Outras dúvidas se levantam com este negócio. Segundo a mesma notícia, “destina-se à expansão da Universidade, prevendo-se o aproveitamento do relvado e a demolição de bancadas. A área global a vender à Universidade é de 16.800 metros quadrados e numa parte será admitida a construção de 4.500 metros quadrados acima do solo, numa área de implantação de 900 metros quadrados”. Uma simples conta de aritmética nos informa que serão CINCO pisos acima do solo, que a Universidade irá construir, sensivelmente a área do Hospital. Por falar em Hospital, que no mandato anterior de Alberto Souto tinha preparado a sua expansão para os Armazéns Gerais…

Para além do autoritarismo das decisões, da destruição de uma zona verde, da construção na área, também a Universidade de Aveiro fica marcada definitivamente com este acordo. Interessados na compra, esta entidade vai contrariar a tendência das universidades para dizerem que não têm dinheiro para nada. Entre Moagens, Estádio Mário Duarte, Crastos, etc, a expansão física da universidade continua, haja dinheiro…

Claro que com a perplexidade de neste acordo estarem as duas entidades que, há menos de dois anos não tiveram nem acordo nem dinheiro para a segunda fase da pista de atletismo, instalada nos terrenos da Universidade. Também lá continua-se sem bancadas e, curiosamente, esteve em risco um relvado preparado de novo. Não pomos em dúvida que a Universidade, com dinheiros ou sem eles, faça a gestão dos recintos. Para as suas equipas de futebol e râguebi jogarem, o defunto (e futuramente sem bancadas!) Mário Duarte servirá perfeitamente. Esperemos que com seguro para evitar estragos feitos pelas bolas nas moradia vizinhas…
Concepções
19/12/2002


João Manuel Oliveira

Com esta coluna começo a colaborar regularmente, em colunas de opinião, com o Campeão das Províncias. Mantendo a minha regular coluna Info.Id um pouco mais centrada nas influências tecnológicas e no modo como temos que reagir ao mundo, sinto uma necessidade de explicar um pouco a concepção de cidade que Aveiro me evoca e aproveito para descrever as pequenas “estórias” desta terra que me acolhe desde que nasci. Só inicio agora esta colaboração regular na área da opinião pois entendo que enquanto jornalista, só se deve intervir em casos mais extremados na opinião no próprio jornal para onde se colabora. Agora que estou a exercer outras funções profissionais, sinto que tenho a oportunidade de descrever o que sinto, ao mesmo tempo que sinto que aqueles pensamentos que escreverei regularmente são, não apenas os meus mas os vossos…

Antes de referir a temática que pretendia abordar, há que referir, e se calhar por isso, a vontade de participação que pretendo incutir nesta coluna. Não entendo, muito pelo contrário, que uma coluna de opinião seja uma mera transmissão entre o pensamento do colunista e a pena (ai estes devaneios linguísticos… as teclas do computador) e a tinta gráfica que imprime este jornal…

Para mim, uma coluna de opinião é um espaço em que um cidadão intervém, na medida do possível, tentando alertar para determinadas concepções não simplistas, para outros pontos de vista. É fundamental que receba um “feedback” dos seus leitores – para isso existe o meu e-mail - ou então uma carta para a redacção do Campeão das Provincias. É fundamental sentir que aquilo que pensamos é, em certa medida, a expressão escrita do que outros pensam, outros teriam motivação para o escrever ou outros ainda o poderão escrever ou subscrever.

O leitor deve estar a pensar nos devaneios filosóficos que estou aqui a escrever e a pensar que deveria aproveitar melhor esta coluna para outros assuntos. Sem dúvida. Pensa exactamente da mesma forma que eu: por isso escrevi assim esta primeira coluna. Para que perceba aquilo que eu escreva, para que as regras sejam claras e fundamentadas, para que sinta verdadeiramente esta coluna como sua!

Primeiras regras: a clareza. Sou monárquico (ei, não passe já a página, também podemos falar sobre essa ideia pré-concebida que tem), não sou militante de nenhum partido, gosto das modalidades amadoras (digamos que não sou o maior fã dos clubes de futebol) e gosto de escrever, ler e também ir ao cinema, onde sou bastante eclético.




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