Eu gostava de falar nos problemas do temporal, das cheias e das questões preventivas mas não posso deixar de lado os esclarecimentos da Câmara Municipal de Aveiro em relação ao Mário Duarte, publicados na passada semana e que se referiam ao artigo assinado em parceria com Nuno Arroteia e onde escrevíamos sobre o Estádio Mário Duarte. Com efeito, o esclarecimento assinado por Gonçalo Fonseca, um amigo que muito prezo, tem, todavia, tantos pontos por explicar como o próprio negócio. Refere ele que “os autores esquecem que, naquele valor, não se incluía apenas o terreno a adquirir pela Universidade, mas, também os outros terrenos na área envolvente. Ou seja, não é de excluir que a urbanização da zona em causa possa significar um valor até superior ao 1,5 milhões de contos”.
A verdade é que, tal com é reconhecido no ponto 1, a possibilidade do Estádio Mário Duarte vir a ser alienado à Universidade de Aveiro vinha sendo equacionada publicamente e entre ambas as partes por um valor também ele público, de 1,5 milhões de contos. Atendendo a que os montantes envolvidos são agora menores, é óbvio que cabe à CMA informar que afinal o negócio já não é o mesmo do que se tinha dado conhecimento às entidades mencionadas…
Mais caricato é a questão sobre o fim ou não do “corredor verde”. Segundo Gonçalo Fonseca “é absolutamente falso que o projecto signifique o fim do “corredor” verde ligando a Baixa de Santo António ao Parque de Santiago. Pelo contrário, pela primeira vez serão criadas condições para que esse “corredor“ – actualmente inexistente - venha a ser criado e fruído. Lamentavelmente, é a segunda vez que alguém, sem nunca ter visto o projecto – até porque ele ainda não existe – vem criticar a Câmara por um pecado que ela nunca quis cometer”.
Vamos por partes. Se enquanto não houver projecto eu não posso dizer que ele vai ser destruído, também ninguém da câmara me pode garantir que ele vai ser mantido (como o senhor presidente da Câmara já o afirmou). Por outro lado, não havendo projecto, curiosamente, já a Direcção-Geral do Património deu um certo valor a um estádio e também já foram referidas – pela Câmara – áreas de construção… numa área sem projecto… E quando se referem cinco/seis pisos para o local do campo de treinos, apenas posso vir a pensar que o tal corredor verde possa vir a ser, efectivamente, um mero corredor…
Mas a argumentação mais grave está explicita no ponto seguinte. Segundo Gonçalo Fonseca, a “Câmara está a elaborar um estudo urbanístico para toda a zona assente em três premissas: (1) baixa densidade de construção e cérceas máximas de cinco/seis pisos; (2) preservação do campo de futebol; (3) criar o “corredor“ verde entre o Parque D. Pedro e o de Santiago. Este estudo, a seu tempo, será objecto de apreciação pelos órgãos competentes e por todos os interessados”.
CINCO/SEIS PISOS? Caros cidadãos de Aveiro, desloquem-se ao Parque e aos terrenos actualmente na posse do S.C.Beira-Mar e observem. Um espaço ocupado pelo campo de treinos e pouco mais… imaginem o campo de futebol sem bancadas e imaginem que essa área terá que ter uma ou mais vias de acesso. Imaginem aquelas premissas que acabaram de ser ditas… Imaginem que o espaço actualmente existente na zona apenas tem moradias nesse local… Gostam do que estão a imaginar?
Para além disso, atendendo à eventual polémica em torno dos destinos dos terrenos do Mário Duarte, porque é que a CMA está a elaborar um estudo urbanístico e não um plano de pormenor? É que um plano de pormenor obrigaria a um debate mais amplo, inclusivé, teria que ser aprovado na Assembleia Municipal, e por isso, traria muito mais participação cívica. Assim, provavelmente vai ser um plano escondido, só da responsabilidade do executivo e em que muitos dos interessados nem saberão da sua existência. E antes que me apontem o dedo: não tenho casa na zona e também não tenho interesses nenhuns nos locais que estou a comentar…
Caro Gonçalo Fonseca. Só não gostei mesmo do teu último ponto. Para quem te apoiou em projectos que poderiam levantar polémicas, dizeres que sou “alguns Aveirenses procurem denegrir em vez de ajudar, enfatizem os riscos em vez de contribuírem para os minorar, sejam maledicentes e nada construtivos. O Restelo, afinal, fica aqui tão perto”, é no mínimo curioso… E como nunca fui grande apoiante, muito pelo contrário, do estádio municipal de trinta mil lugares.
Os novos do Restelo acreditam que há outras prioridades, há outras formas de fruir a cidade. Nunca se deve confundir crítica aberta e franca com formas destrutivas de actuar. Mas também não aceito que me tentem levar por caminhos que não sei se quero ir, dada a pouca confiança que tenho na forma como me obrigam a ir… É que se há coisa que não gosto é que me digam que a SOLUÇÃO é uma, sem me dizer qual é…
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João Oliveira