Referi na crónica anterior que esta cidade-concelho precisa de ser pensada de novo. A voragem do tempo passa por Aveiro e se alguns definem e acreditam que esta cidade continua a ser bem definida, outros acreditam que Aveiro está a ser criada de uma forma curiosa, pensada de determinada maneira mas sem eixos estruturantes. E como é importante pensar que uma cidade e um concelho (indissociáveis) são muito daquilo que as suas pessoas são (sejam empreendedoras, mesquinhas, lentas ou eficazes) e que se reflectem, ou não, nas suas instituições, acredito profundamente que esta região precisa de um abanão, externo ou interno para reagir de um certo bloqueio...
Aveiro não precisa de ter tudo. Mas convém que tenha algo que capta a atenção das suas gentes. Precisa de ter cultura (no seu sentido mais lato), habitação, zonas verdes (não gosto muito da expressão “espaços verdes”, faz-me uma certa claustrofobia”), qualidade de vida… Acham que precisa mais alguma coisa?
Digam com sinceridade que Aveiro precisa de ter consensos? Digam que Aveiro precisa ter tudo? Eu digo, pelo menos, que precisamos ter caminhos e precisamos ter visão de futuro. E em que cidade e concelho queremos nós viver nos próximos 20 anos? Não é esta a única pergunta que importa?
Eu, pelo menos, não quero viver numa cidade que tem casas e estradas e casas e estradas e que perdeu a sua virgindade pequena para ser uma pequena cidade grande com os seus defeitos e poucas das suas qualidades. Como espaço geográfico, Aveiro precisa da sua história – património, cultura e gentes – ainda mais vincada do que os outros espaços…
Mas esta conversa sobre o futuro precisa voltar ao presente. Como lembrei na semana passada, temos um tecido associativo, bem, que precisa também de um abanão… Algumas das situações mais curiosas passam com a “aculturação” de alguns dos futuros membros ilustres da nossa terra, verdadeiros agentes de mudança que são afectados pelo mutismo reinante em Aveiro. É preciso despertar consciências e mudanças nesta cidade!
Um outro exemplo da falta de estratégia… ou pelo menos de uma melhor definição do que esta região é a Rota da Luz. Independentemente das considerações que pretendemos ter sobre a região, acreditam sinceramente que as praias irão ser valorizadas no futuro? O futuro no turismo está no PASSADO! Como a nossa tendência é de destruir os habitats “naturais”, sejam eles construídos ou verdes, a função maior do turismo será o regresso aos valores tradicionais. E Aveiro? Está apostar nisso? Ou precisa de mudar?
E o concelho no seu todo? Quem acredita nesta terra já visitou o concelho no seu todo? Já passeou por Sarrazola, Carregal, Bonsucesso, Picoto, Nariz? Já viu como está a região a crescer? De que forma? Pensada, definida, acertada, correcta, viva? É de pensar…
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João Oliveira