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segunda-feira, 18 de outubro de 2004

Filarmonia das Beiras - o artigo do Público a confirmar

"Aveiro Não Foi à Assembleia Que Pôs Fim à Filarmonia das Beiras "

Público de hoje vem com uma notícia de Filipa Gaioso Ribeiro, que muito oportuna, trata a questão que este blog levantou há dias. Para os arautos da desgraça, eu nunca menosprezei a questão do encerramento da orquestra. Tenho pena. Mas acho que é importante saber os contornos do seu fim. Acho que uma parte está explicada aqui, no futuro, teremos que saber as outras questões... Obrigada Filipa, por mais esta peça de qualidade.

A câmara de Aveiro não compareceu à assembleia-geral da Associação Musical das Beiras (AMB), que ditou, no passado dia 6, o fim da instituição e, consequentemente, do projecto da Orquestra Filarmonia das Beiras. O vereador da Cultura da câmara de Aveiro e vice-presidente da AMB optou por faltar à assembleia-geral, por não ter dado a conhecer os pressupostos da reunião ao executivo municipal aveirense e, ainda, por ter tido algumas "hesitações" quanto à decisão a tomar. "Houve um erro da minha parte, foi não ter colocado o problema em reunião de câmara. E foi isso que me levou a recuar e a não comparecer", admite Manuel Ferreira Rodrigues.
"Eu não tinha notificado a câmara para um assunto tão importante. A minha câmara não foi ouvida, os vereadores não se pronunciaram", confessa ao PÚBLICO Ferreira Rodrigues, justificando o acto "por razões que se prendem com um conjunto de rotinas, com mil e uma tarefas". "Quando me apercebi, a minha câmara não tinha sido informada", prossegue o vereador, acrescentando ainda que acompanhou todo o processo que levou à dissolução da AMB, mas que, à última da hora, ficou "acossado por dúvidas". "Pensei: estou a fazer uma enorme asneira e não coloquei a câmara a par deste problema".
Ferreira Rodrigues garante ter acompanhado todas as diligências da AMB para tentar resolver as divergências com os 27 músicos, que há sete anos reclamam contratos de trabalho. O vereador sabia que a assembleia-geral estava convocada para a dissolução da AMB - que alegou não ter condições financeiras para atender às reivindicações dos músicos - e diz mesmo que, à priori, pensou que seria essa a decisão certa. "Os últimos espectáculos da orquestra eram de qualidade miserável. Havia conflitos dentro da orquestra, conflitos que não passavam para a praça pública", sustenta.
Contudo, na altura da tomada de decisão, recuou. "Eu tive dúvidas da justeza da decisão. Estive lá à porta, mas acabei por não entrar e regressar a Aveiro", adianta. "O que me levou a hesitar foi o facto de irmos dissolver uma associação para avançarmos com outra. Reparei que íamos fazer o mesmo que muitas empresas: fechar ali, para abrir acolá. Além disso, como é que não havendo dinheiro para 27 músicos haveria para 24? São três que fazem a diferença?", questiona.
"Tinha dúvidas, fiquei acossado e agi em função da minha consciência", insiste ainda o vereador, garantindo que as suas relações com o presidente da câmara de Aveiro, Alberto Souto, não foram afectadas. "Houve uma divergência profunda entre aquilo que eu pensava e aquilo que ele pensava, mas maus relacionamentos não", assegura. O PÚBLICO tentou obter uma declaração do presidente da câmara de Aveiro, mas foi impossível conseguir um comentário de Alberto Souto antes do fecho desta edição.
Decisão da assembleia
pode ser impugnada
Ferreira Rodrigues considera que a decisão da assembleia-geral da AMB, que terminou com a associação e ditou também o fim da Filarmonia das Beiras, ainda pode ser impugnada. "Se calhar há razões para impugnar a decisão da assembleia-geral", afirmou o vereador, manifestando interesse em saber "se todas as câmaras presentes estavam mandatadas pelos seus municípios, em reunião de câmara". "Se não estavam, a AMB continua de pé", defende.
Quanto à teoria de que a AMB já pensava em criar uma nova associação musical, mas sediada noutra cidade que não Aveiro, Ferreira Rodrigues contesta. "Podem ter-me ocultado informações, mas tenho o presidente da direcção [da AMB] como um homem honesto. Não me parece que ele fosse favorecer Coimbra em detrimento de Aveiro", argumenta o vereador socialista, frisando ainda: "Se há golpes de bastidor não sei. Eu agi de boa fé. Se isso aconteceu terei de reconhecer àqueles que me chamam de ingénuo que realmente o fui".
"Acho essa questão do bairrismo Aveiro/Coimbra de muito mau gosto. O 'staff' da orquestra é de Aveiro, não estou a ver como é que o senhor Virgílio Nogueira, que como a imprensa diz recebe um ordenado chorudo, colaboraria positivamente se fosse para perder o seu lugar", alega ainda Ferreira Rodrigues, admitindo que Alberto Souto "marca muito os passos de Coimbra". "Aveiro não pode estar preocupada com a concorrência de Coimbra, Coimbra não tem capacidades. O vereador da Cultura da câmara de Coimbra é uma pessoa inócua", acusa o autarca, admitindo, porém, que "Aveiro sozinha também não tem capacidades para ter uma orquestra". in Público de 18/10/2004


3 comentários:

  1. A cultura de Aveiro no seu pior....
    Esta camara ainda de intitula de esquerda ... no entanto a nivel cultural e' do mais atrasado e reacionario que se conhece....

    Cumps

    Um aveirense culturalmente frustrado ....

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  2. Caros, acreditem que já estava à espera do que aconteceu... É impressionante!

    Queria reforçar que nada me move contra os músicos, são uma profissão meritória como outra qualquer. Apenas quis contar aquilo que não estava a ser contado. Levou a isto...

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  3. Ai esta uma boa ideia... se a "cultura da FB" desse tanto dinheiro como a "cultura do Beira Mar" ou a "cultura do Aveiro Basket" provavelmente nao tinha desaparecido...
    ....sim porque na realidade comparadando os resultados da FB com os do Beira Mar ou do Aveiro Basket, relamente acho que se devem apoiar os 2 ultimos em vez da FB... ;) e' preciso apoiar o desporto diz-se ... mas da cultura da musica nao... e' interessante mt interessante...

    de um Aveirense frustrado mas sempre a lutar contra a hipocrisia dos que dizem proteger a cultura...

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