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sábado, 12 de maio de 2007

Concordo...

To: Presidente da Assembleia da República

A Sua Excelência o
Senhor Presidente
da Assembleia da República

Excelência,

Verificado o cumprimento dos pressupostos legais para o exercício
do direito de petição colectiva, no caso uma representação, vêm
todos os signatários manifestar a sua discordância com a
trasladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro para o Panteão
Nacional, por deliberação da Assembleia a que Vossa Excelência
preside.

Mais vêm manifestar esta discordância de uma forma determinada e
expectante. Determinada e expectante, Senhor Presidente, porque a
Assembleia da República, independentemente de considerações de
natureza cultural, deve atender ao facto, historicamente provado,
de Aquilino Ribeiro ter participado na conspiração para o
assassinato do Chefe de Estado de Portugal, em 1 de Fevereiro de
1908, Sua Majestade El-Rei D. Carlos, e Seu Filho, Sua Alteza Real
o Príncipe Dom Luis Filipe.

A contradição, Excelência, parece-nos díficil de ultrapassar:
considerar herói nacional, propor como exemplo às gerações
vindouras, alguém que participou na preparação de atentados
terroristas e que foi preso por isso mesmo; alguém cujo processo
por participação em atentados bombistas foi levado a tribunal em
13 de Fevereiro de 1908, juntamente com mais dois arguidos; alguém
que depois veio branquear o seu passado e sacudir as mãos à
varanda de Pilatos, confunde-nos o espírito de portugueses e de
ocidentais, defensores da democracia e dos direitos humanos. Com
esta trasladação, a instauração da República fica equiparada ao
acto do regícidio!

Mas, Senhor Presidente, Herói e Assassino são
antónimos. A sua conjunção é uma impossibilidade ética. E, se não
se confirmar a impossiblidade legal daí decorrente, são um
conceito apenas: um equívoco no coração da própria República!
Vossa Excelência, personalidade de elevadíssima idoneidade e
dimensão humana, constitui motivo de certeza para todos estes
portugueses, em número de e de todos os outros que dentro e fora
do território nacional têm o espírito em sobressalto, de que esta
ignomínia ficará pela mera tentativa.

É o País inteiro que atento e grato pela procedência desta
representação, vem assinar e dirigir a Vossa Excelência este grito
muito forte e muito português: Deixem em paz as cinzas de Aquilino
Ribeiro! Deixem que a Posteridade lhe teça os elogios literários
que merecer! Mas não ergam em símbolo de cidadania quem deu provas
de aceitar que os métodos terroristas e o assassinato de um Chefe
de Estado são meios procedentes e legítimos para instaurar ideais
políticos.

Não o coloquem no Panteão Nacional!

Assine a Petição!

5 comentários:

  1. Não concordo. Tudo o que é dito neste abaixo assinado é falso. Aquilino Ribeiro não participou em qualquer conspiração para o assassinato de D. Carlos. Basta ler "Um escritor Confessa-se" para ficar a saber tudo o que se passou e qual a posição do escritor, que nunca apoiou o sucedido. É lamentável que os monárquicos continuem a deturpar os factos históricos.

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  2. Meu caro J. Oliveira,

    Antes de mais, permite-me que te deixe as minhas cordiais saudações. Folgo em saber que estás no activo e que (agora em Aveiro) nos vai dando sinais da agitação local.

    Fizeste bem em deixar o reboliço da cidade, meu caro. Chegou de jornalismo, de Capitais, de assessorias, de Vasconcelos para um lado e para o outro, de agências de comunicação... Enfim. É ganhá-lo enquanto estamos (ou terceiros estão) em posição para tal. Depois, é partir rumo a outras paragens e continuar a fazer pela vidinha. Fazes bem.

    Não leves a mal o tom da minha palavra, mas revolta-me saber que ainda há um nicho de «monárquicos» muito chateadinhos com o facto de Aquilino ser elevado a herói nacional. Monárquicos que vivem numa República e que estão muito preocupados com a preservação dos valores históricos e culturais, que elevam as mãozinhas assim algo ameaça esta coisa a que chamam de identidade nacional. E depois escrevem ao Presidente da República.

    Compreendo o ponto de vista monárquico (NB: não critico sequer a opção de se ser monárquico. Até porque não passa disso mesmo: de uma opção). Ou seja: ver um rei cair do poder (independentemente da causa) é a mesma coisa que ser benfiquista e não ganhar o campeonato. E criticar o árbitro por não se ter ganho o campeonato. Mas é a diferença: estávamos lá, vimos com os nossos próprios olhos, fomos testemunhas directas.

    Que diabo são esses «factos historicamente provados» que apregoas (e defendes)? São coisas baseadas nos documentos que dizem que "testemunhas viram Aquilino de arma em punho naquele dia"?

    Julgo que a teoria monarquista (é a Monarquia que está a levantar o problema) não passa, ela própria, de uma conspiração da... conspiração. É como dizer que Afonso Henriques nasceu em Viseu. E será que não nasceu mesmo? Mas, vendo bem, talvez tenha nascido em Guimarães!...

    Percebes onde quero chegar? O passado também é feito de incertezas. Não se pode saber tudo. Mas quando aparecem meia dúzia de «reizinhos», muito fulos da vidinha por causa do Aquilino (e cheios de certezas), questiono-me: eh pá, mas os deputados que estão na Assembleia são todos parvos? Eh pá, querem ver que ninguém reparou no pequeno pormenor de que o Aquilino era um terrorista de primeira???!!

    Caro João: tens todo o direito de expôr a tua opinião e revolta. Assim como eu tenho o direito de apelidar de ridícula a iniciativa. De uma coisa não duvides: é tão certo teres a certeza que Aquilino conspirou a favor da morte do rei, como é tão certo saberes a minha identidade. Percebes onde quero chegar?

    As minhas maiores saudações.
    A. O. S.

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  3. Caro A.O.S.,

    Percebo perfeitamente a sua posição. E também mantenho uma posição que é minha e que é de sempre: a história não é para ser reescrita mas sim para se ir sabendo. A meia dúzia de pessoas que promove esta iniciativa - não estou inserido mas concordo - tem dados que julgo coerentes. Pode não ter os dados todos, é certo, mas foram os suficientes para eu acreditar.

    Quanto a chamar os deputados parvos, foi você, não eu :)

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  4. entao e para quando entrar em paz com a historia de portugal caro JMO??

    pelas suas tendencias politicas deduzo que tb diga q os de esquerda derveriam evoluir e deixar o passado fscista para tras,nao? entoa porque nao deixar os herois anti monarquicos em paz?

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  5. Anónimo,

    A questão da evolução prende-se mais consigo do que comigo...

    o que eu disse não quer dizer aquilo que percebeu. E vou responder-lhe dando um exemplo: Irlanda do Norte. Não entenderia o Nobel da Paz, ou a mais alta insitutiçaõ do pais nem para um nem para outro dos elementos que agora assinaram um acordo para estar no governo. Marcaram a história sendo radicais. é esse o seu preço. Se cometeram crimes, não devem ser ainda mais considerados. isso, já o seus pares o fizeram.

    Aceito as comissões de verdade e reconciliação mas não aceito a glorificação!

    ResponderEliminar

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