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terça-feira, 1 de abril de 2003
Cidadania
O que vão ler não vos causará nenhum espanto. É aquilo que sentem, aquilo que observam no dia a dia. A verdade é que na última década – ou talvez mais - registou-se um crescente afastamento entre os cidadãos e as instituições políticas eleitas. A reduzida participação em actos eleitorais e o crescente divórcio entre os cidadãos e os políticos que os representam são sintomas de que é necessário fazer algo para inverter esta tendência de alheamento da opinião pública face aos destinos do País. Longe de ser específica a Portugal, esta tendência afecta a maior parte da comunidade internacional. Mesmo em alguns países considerados como emblemáticos em termos de Democracia, como os E.U.A. (não estou a brincar...) e a Suíça, as taxas de abstenção dos últimos actos eleitorais têm registado valores superiores a 50 por cento. Se bem que este último país é talvez dos mais meritórios exemplos no que envolve o respeito pela opinião do cidadão.
Este fenómeno de divórcio entre os cidadãos e a política é sobretudo visível ao nível das camadas mais jovens da população, que nasceram com o sufrágio universal como um direito adquirido, e para os quais a política, ou pelo menos as formas de participação tradicionais, são cada vez menos atractivas. Usam as causas mais do que os modelos politico-ideológicos pré-definidos o que, por vezes, mais do que tomadas de posição suscita contradições que só minam o pensamento político.
Assim, e sendo sobretudo entre estas camadas menos participativas que as tecnologias de informação e comunicação (TIC) têm uma maior difusão, a associação entre as tecnologias e a Democracia parece ser óbvia. As TIC e, em especial, a Internet, possibilitam um novo mundo de potencialidades para a aproximação dos cidadãos às instituições democráticas. Deste modo, a Internet, deve ser encarada como uma ferramenta para fomentar o processo democrático e possibilitar um relacionamento bidireccional entre os cidadãos e as instituições democráticas de forma transparente, directa e personalizada. A difusão e a massificação da Internet promove, deste modo, a reconfiguração do relacionamento entre cidadãos e a sua participação democrática, podendo levar, no limite, ao próprio refundar do conceito de cidadania. Deve, mas deste ponto até à realidade vai um passo enorme... Que tentarei explorar em próximas crónicas.
João Oliveira e Pedro Ladislau de Sousa
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