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segunda-feira, 5 de abril de 2004
De volta - e com participacao
Viva, aqui estamos de regresso e com uma participação da Susana Esteves:
Queria falar de uma situação que para uns pode parecer uma oportunidade, para outros, como eu, é um absurdo.
O Teatro Aveirense, ou pelo menos um colaborador, do Teatro Aveirense fez recentemente circular, num yahoogroup, que, "no âmbito da realização do Euro2004, a Câmara Municipal de Aveiro, o Teatro Aveirense e a Universidade de Aveiro uniram esforços para a elaboração conjunta de um plano de comunicação dos eventos culturais e desportivos, a levar a cabo durante os meses de maio, junho e julho." É o "Aveiro em Festa". Também fez circular a seguinte informação: "pedimos a colaboração de interessados na elaboração deste projecto que apenas poderá remunerar a pessoa que responsabilizar-se-á pela procura de financiamento externo.
Vagas disponíveis não remuneradas:" e continua, com a descrição de tarefas e sem mais erros gramaticais...
Para além desta divulgação extra que estou a fazer, queria comentar que me parece completamente absurdo e degradante procurar trabalho gratuito sob a capa do "voluntariado e da participação". E se este tipo de "procura" se faz sentir a partir das empresas municipais, então, mais grave será, já que os privados se sentirão legitimados para fazer o mesmo.
Que qualidade de trabalho se pode conseguir com este tipo de participação, por amadores?
Mais grave ainda é que já há interessados, como confirmou o autor do convite.
Por outro lado, parece-me que a intenção dos legisladores, ao criar empresas municipais, era desburocratizá-las, libertá-las dos constragimentos e do peso de uma gestão municipal, com o objectivo de as tornar mais eficazes e eficientes. Ao permitir que os especialistas estivessem libertos para efectuar uma gestão mais profissional esperava-se que os equipamentos e serviços geridos fossem mais rentáveis, à semelhança do que acontece na gestão privada.
Só que este tipo de gestão não corresponde a uma gestão responsável nem produtiva... E não é, como se pode fazer querer parecer, voluntariado nem participação. Não na situação em que se encontra o mercado de trabalho actual. Não na perspectiva de profissionalismo e eficiência que se pretendia com as empresas municipais.
Por outro lado, também não é muito claro quem faz o convite. Apesar do "pedimos" não se sabe muito bem quem é que pede excepto que o "pedido" foi feito por um colaborador do Teatro Aveirense.
Se a ideia de pedir "voluntários", especialmente entre recém-licenciados, como foi o caso, se espalha...
Costuma dizer-se que o trabalho dignifica mas este tipo de "solicitações" não dignifica nem quem precisa de realmente trabalhar (e ser, por isso, remunerado) nem quem trabalha.
Quiçá sou eu que exagero... Quiçá qualquer dia os portugueses estão a pagar para trabalhar...
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