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terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Branqueamento da história não!

O MCTES publicou ontem um press-release que alguns jornais engoliram como se fosse a verdade universal. Mas não é.

Melhor trabalho fariam se escrevessem a história completa.

Ora vamos por partes:

O MCTES tem na sua página um press que diz: Todas as escolas dispõem hoje de acesso àInternet em Banda Larga na sequência de um processo que se completaterça-feira (31 de Janeiro) no Alentejo na escola básica do primeirociclo de Oriola, Concelho de Portel, agora ligada à rede mundial emBanda Larga. Situada na rua do Outeiro, a escola EB1 de Oriola, onde estudam 20alunos e que integra ainda um jardim-de-infância frequentado por 16crianças, transformou-se assim na meta onde se cumpre mais umobjectivo da iniciativa Ligar Portugal

A iniciativa Ligar Portugal é um dos vectores estratégicos do PlanoTecnológico do XVII Governo, alargando o âmbito de intervenção doEstado na mobilização da Sociedade de Informação, direccionando o esforço público e privado para consolidar ou reforçar iniciativas em curso, preencher lacunas, e promover a inovação e a criação de novos produtos e serviços.A mobilização da Sociedade de Informação, como explicitamente expresso no Programa do Governo, depende fortemente da crescente generalizaçãodo acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), e emparticular à Internet, com impacto directo na qualidade de vida, na segurança e no trabalho das pessoas.A decisão política de avançar para a ligação das escolas portuguesas àInternet começou a ser concretizada em 1997, por iniciativa do Ministério da Ciência e da Tecnologia e através da Fundação para aComputação Científica Nacional (FCCN).Portugal foi um dos primeiros países europeus a ligar as suas escolasà Internet. Em final de 2001, estavam ligadas todas as escolaspúblicas portuguesas em tecnologia RDIS. Portugal também é pioneiro, desde 1997, na integração de todas asescolas na rede da investigação científica e do ensino superior, aoconstituir a RCTS - Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade. Assim, asescolas de todo o país podem beneficiar mais cedo de avanços que, comfrequência, aparecem primeiro para as instituições científicas, aomesmo tempo que vêem reforçadas as suas relações com as instituiçõescientíficas e do ensino superior.A ligação em banda larga agora concretizada é essencial para colocaras escolas portuguesas, de novo, na linha da frente da Europa, epermitir o uso eficiente das tecnologias de informação e comunicaçãono trabalho educativo e na abertura da escola à comunidade.

O branqueamento da História é muito simples. É incrivel escamotear-se que ligação à banda larga das escolas foi uma iniciativa do Governo Durão Barroso e que, pela primeira vez , tal foi feito por concurso público, que agregou voz e dados das escolas públicas do ensino básico e secundário

Le-se no Relatório da UMIC, publicado quando Diogo Vasconcelos saiu da UMIC, em Julho de 2005

"Na área do ensino básico e secundário, lançou-se uma iniciativa de fundo com vista a disponibilizar, até final de 2005, acesso à Internet em Banda Larga a todas as escolas públicas do ensino básico e secundário.
Assim, em Fevereiro de 2004, foi lançado um concurso público internacional para o fornecimento de serviços de voz e de acesso à Internet em banda larga a um universo de cerca de 9.000 escolas, englobando todas as escolas públicas do ensino básico e secundário. Os acessos Banda Larga estão, neste momento, a ser instalados nas escolas abrangidas pelo concurso.
Tratou-se do primeiro exemplo nacional, em larga escala, de um projecto de agregação de procura pública na área das telecomunicações, tendo permitido a obtenção de significativas poupanças pelo reforço da posição negocial do Estado enquanto cliente deste tipo de serviços. Adicionalmente, o formato definido para o concurso (regionalizado, com taxas de cobertura mínima por região) assegurou efectivas condições de concorrência, essenciais ao crescimento sustentado do mercado nacional de telecomunicações. Com base no concurso público realizado, estima-se uma poupança de custos da ordem dos 30% no caso dos serviços de voz e a migração para Banda Larga por um custo mensal semelhante ao actualmente pago pelas ligações de banda estreita utilizadas
Até ao final do 1º trimestre de 2006, todas as escolas públicas estarão ligadas, atingindo-se assim um dos principais objectivos definidos na Iniciativa Nacional para a Banda Larga.

Para além da aposta no reforço da conectividade, estão igualmente em curso ou planeadas outras iniciativas ao nível do reforço de equipamentos terminais nas instituições de ensino (PCs, etc.), formação em TIC e disponibilização de conteúdos pedagógicos.

in "Relatório de Actividades UMIC", Pág 16, 17 e 18

Aqui está o site da iniciativa https://escolas.internet.gov.pt/ onde se encontra toda a info sobre o concurso público, nomeadamente sobre o número de escolas já com ADSL:

"No âmbito da Iniciativa Nacional para a Banda Larga promovida pela Unidade de Missão Inovação e Conhecimento (UMIC) ? parte integrante do Plano de Acção para a Sociedade da Informação ? o Governo Português lançou um concurso público tendente à aquisição de acesso em banda larga para todas as escolas públicas do ensino básico e secundário.

Para efeitos deste concurso, o país foi segmentado em 7 grandes regiões, tendo em vista a maximização da concorrência na apresentação de propostas, bem como a adequação destas à especificidade de cada região. Foram igualmente fixados objectivos de cobertura ambiciosos para cada uma destas regiões, as quais incluem não apenas áreas urbanas, mas igualmente áreas onde actualmente não se encontram disponíveis serviços de banda larga. Com esta definição de regiões e de níveis mínimos de cobertura obrigatória por região, pretende-se contribuir para o aumento da disponibilidade deste tipo de serviços de telecomunicações a nível local.

Nesse sentido, foi ainda definido um exigente conjunto de requisitos técnicos a ser cumprido pelos concorrentes, de entre os quais se destacam requisitos de largura de banda disponível por escola, cabendo aos concorrentes a escolha da tecnologia mais apropriada a utilizar em cada caso.

Na sequência do concurso público internacional, o contrato com a empresa vencedora (PT) foi assinado em Outubro de 2004.

Bastava pesquisar no google ou ir parar ao site da UMIC, do qual fui assessor de imprensa.

Mariano Gago esqueceu-se do período entre 2001 e 2005. Temos pena mas existiu. E a Internet mudou.

1 comentário:

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