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quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

Eça de Queiróz, hoje e sempre

Do Almocreve das Petas,

"... No Parlamento não está a representação nacional, está a representação oficial; não está uma representação espontânea, nobre e sentida, está uma representação ensinada e assalariada. O governo pode contar com essa, porque a educou, e porque a afeiçoou a si; o governo a maioria são como duas figuras duma tragédia, que se falam e replicam, de há muito ensaiadas nos bastidores (...) Aquela representação não é nacional, é ministerial: não representa o povo que a rejeita e que a censura, representa simplesmente os homens que lhe dão os cargos opulentos e os estipêndios largos; a maioria é o corpo diplomático do governo; ele trá-la ostentosa e bem fardada, e engorda-a com a magreza do povo ..."

[Eça de Queiroz, in Distrito de Évora, 14 Março de 1867]"

E do Amor e Ócio
Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este singular estado: doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o poder, perdem o poder, reconquistam o poder, trocam o poder?O poder não sai de uns certos grupos, como uma pela que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, num rumor de risos.
(?) Ora tudo isto nos faz pensar ? que quanto mais um homem prova a sua incapacidade, tanto mais apto se torna para governar o seu país.
(?) A política chegou a tal miséria, que nem a polidez instintiva coíbe os homens.

In Uma Campanha Alegre, Eça de Queiroz, 1871

1 comentário:

  1. Bom Dia João!

    Parece que as listas andam a acender os ânimos...

    Só uma observação... É dificil contrariar esta tendência de não renovação que as organizações, inclusivé os partidos, têm. Mas a forma mais segura de nos assegurarmos de que os eleitos (ou candidatos a eleitos)representam os eleitores, em Democracia, é com a participação dos eleitores nas estruturas políticas. Não há segredo nenhum: quanto maior a representatividade maior a força (já pareço do PCP a falar).
    Da maneira que os cidadãos, ultimamente, encaram a "política" nunca irá existir verdadeira representatividade mas a culpa, nesse aspecto, é exclusiva desses mesmos cidadãos que, por preguiça, comodismo ou sabe-se lá que motivos, se "esqueçem" de se falar ouvir.
    Tal como há campanhas ambientais, campanhas de comportamento na estrada e outras, também deveriam ser feitos esforços de sensibilização para a CIDADANIA, incluindo direitos e deveres.

    Aqui ficou um breve momento de divagação filosófica...

    Susana Esteves

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