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terça-feira, 30 de agosto de 2005

Entrevista do Dr. Alberto Souto ao Diário de Aveiro

O DA publicou hoje a entrevista ao Dr. Alberto Souto. Aqui fica. Análise, mais logo, mas para quem passa, a caixa de comentários está à vontade.


«Quero eleger seis vereadores»

Qual é a ideia que está na génese da sua (re)candidatura à presidência da Câmara Municipal de Aveiro?

O que está na base da nossa candidatura é o facto de sentirmos muito orgulho na obra feita. O bom trabalho que fizemos entusiasma-nos para continuar porque ainda há projectos novos e outros já conhecidos mas que ainda não tivemos oportunidade de concretizar. Creio que nestes últimos sete anos, quem mora em Aveiro notou diferenças sensíveis para melhor e isso confere-nos alguma confiança de que poderemos continuar a contar com o apoio das pessoas para um novo mandato que concluirá um ciclo de desenvolvimento, progresso, qualidade de vida e bem-estar que temos vindo a propiciar a todos os aveirenses. Aveiro é, neste momento, um dos melhores municípios para viver em Portugal.

Em 2001 ? data das últimas eleições autárquicas ? prometeu sete parques de estacionamento e sete avenidas. Porque razão não foram concretizadas?

Não vale a pena sermos pouco sérios em campanha eleitoral. Não vou aqui alijar responsabilidades, mas todos sabemos que há projectos que não se conseguem concretizar por uma razão ou por outra. Ou porque não foi possível adquirir os terrenos ou porque apareceram complicações institucionais ou porque deviam ser desenvolvidos por outras entidades, como é o caso de algumas das rotundas que estavam no programa. Num mandato há sempre coisas que não se fizeram em relação ao que estava previsto, e coisas que se fizeram que não estavam previstas. Portanto, umas compensam as outras. O que é importante reter é que o saldo é muito bom. Temos uma obra feita excelentíssima. Eu diria mais: Nunca num só mandato se fez tanta obra.

Então não vale a pena fazer promessas?

Não é isso. Uma coisa é fazer promessas e outra é vender banha da cobra. Quando nós dizemos que gostavamos de fazer um projecto e o colocamos no nosso programa, vamos fazer tudo para o concretizar e não estamos aqui para enganar ninguém. Agora se o Governo nos ?tira o tapete? ou se surgem alterações profundas e se não é possível concretizá-los, não vamos desistir por isso. Temos que lutar por eles. É o caso da pista de remo. Trata-se de um projecto que ainda não está pronto, é difícil e sensível mas não é por isso que o vamos deixar cair. É mais um caso em que a conjuntura económica não ajudou a concretizar.

Élio Maia, candidato pela coligação PSD/PP, promete que se for eleito presidente da Câmara Municipal de Aveiro vai baixar os impostos municipais e gerir a autarquia ao cêntimo. Que comentário faz a estas promessas?

Tenho sempre muitas reservas quando aparecem promessas de baixar impostos em períodos eleitorais. Cheira-me sempre a demagogia e a alguma irresponsabilidade. Toda a gente sabe que as autarquias portuguesas não têm receitas e, portanto, dizer agora que vão baixar os impostos numa altura em que a capacidade das autarquias em baixar impostos é muito limitada... Essa afirmação só pode ter partido de alguém que não tem ambições para Aveiro. Porque não se fazem projectos estratégicos ou pequenas intervenções sem ter receitas e numa altura em que as autarquias não as têm, fazê-las baixar ainda mais é reconhecer que não se tem vontade nem a capacidade de passar dos cêntimos na realização de projectos e não me parece ser esse o caminho. Quem quer ter qualidade de vida, tem que ter meios para isso e essa é uma abordagem demagógica da questão. Outra coisa diferente é verificarmos se a aplicação do Imposto Municipal sobre Imóveis não está a conduzir a situações excessivas. Mas convém recordar que quem aprovou essa lei foi o Governo do PSD e não foi a Câmara Municipal de Aveiro. Aliás, o engenheiro Ribau Esteves já sublinhou isso mesmo, afirmando que não é dele a responsabilidade do que está a acontecer em Ílhavo.

Também a candidata da coligação PSD/PP à Assembleia Municipal, Regina Bastos, destacou, em entrevista ao Diário de Aveiro, que a Câmara Municipal de Aveiro, com os recursos financeiros que teve ao seu dispor, tinha a obrigação de fazer mais...

Eu tenho a maior simpatia por Regina Bastos, mas ela não fez mais do que papaguear uma afirmação de Élio Maia e não a podemos levar a mal por isso. Ela conhece mal a obra que se fez em Aveiro, ou não conhece mesmo nada, pois se assim não fosse não dizia uma coisa dessas. É uma afirmação caricata e que descredibiliza o candidato Élio Maia, dizer-se que se fez pouca obra em Aveiro. Eu desejo que Regina Bastos, que é bem vinda a Aveiro e por quem nutro simpatia e desejo felicidades, depois de conhecer as nossas freguesias e a obra que foi feita e os projectos que estão em curso, seja uma boa deputada parlamentar. Penso que pode ser uma excelente aquisição para aquela bancada do PSD.

O que pensa da candidatura da coligação PSD/PP? Há dias, conotou-a com um certo regresso ao passado e o mandatário da coligação «Juntos por Aveiro», Girão Pereira, acusou o toque...

Eu não queria dirigir o ataque a ninguém. Julgo que as pessoas reconhecem que há um conjunto de personalidades que tiveram de ser chamadas para fazer as listas em algumas freguesias, mas não quero entrar por aí. Se uma candidatura só consegue ir buscar nomes do passado e não mobiliza pessoas que representem o futuro é um problema deles. Eu também fui acusado de ter sido eu a escolher a minha lista e isso só pode explicar-se com o facto de não ter sido Élio Maia a escolher a lista dele. É do conhecimento público que a lista lhe foi imposta e com a qual ele não se sente muito confortável, mas o problema não é meu e não quero pronunciar-me.

A oposição critica-o a propósito das dívidas a fornecedores. Se for eleito presidente da autarquia nas eleições de 9 de Outubro, como pensa resolver esta questão?

Essa é a única crítica que eu tenho ouvido da oposição. A propósito disso, só faço uma pergunta: A situação financeira do país está boa? Não está. Como é que que se esperava que a situação da Câmara Municipal de Aveiro pudesse ser boa, sendo certo que todo o país está numa situação exangue e, apesar disso, desenvolveu investimentos fantásticos? Acho que essas são críticas de quem não tem espírito construtivo. De resto, a situação tem vindo a melhorar significativamente, concluíndo o Estado os encargos e os pagamentos que devem ser feitos e que obviamente causaram uma pressão muito grande. Concluindo esta etapa, gradualmente, mês a mês, a situação financeira da câmara de Aveiro tem vindo a melhorar e nisso temos sido muito rigorosos. E não recorremos a empréstimos como há dias vi noticiado, pois somos dos poucos municípios portugueses a quem o Governo ainda reconhece capacidade de endividamento e de recorrer ao crédito. Achamos que não devíamos fazê-lo, preferindo consolidar a situação financeira da autarquia e continuar a investir em projectos de futuro sem o hipotecar.

A Câmara Municipal de Aveiro deve ou não dinheiro à Empresa Águas de Portugal?

Não. A Câmara Municipal de Aveiro não deve um cêntimo às Águas de Portugal por força do abastecimento de água. O nosso contrato é com a Associação de Municípios do Carvoeiro e a câmara de Aveiro pode ter aparecido nas declarações de Pedro Serra a propósito da Simria, que nada tem a ver com abastecimento de água. Tem a ver com a despoluição da Ria e a esse respeito há negociações sérias e contrutivas com a Águas de Portugal que eu espero conduzam para a resolução do problema e mais uma vez venham dar razão às críticas que vínhamos a sustentar. Defendemos a revisão do estudo económico e das tarifas que se não fosse feita prejudicaria todos os municípios, Ílhavo incluído, e que implicaria um aumento de 300 por cento na tarifa, o que é um absurdo. Estamos muito optimistas a respeito desta questão.

Então, quer dizer que não há nenhuma crítica da oposição que tenha razão de ser?

Não, há uma que é contundente e tem a ver com os preços das fotocópias na Biblioteca. Realmente, acho que é um pensamento profundo de Élio Maia e tenho que lhe dar razão. Mas, infelizmente, é pena que ele ande desatento, porque, e como é público e ele sabe da Assembleia Municipal, de centenas de taxas há uma vintena delas que nos apercebemos que conduziam a resultados absurdos. É uma pena que ele ande tão desatento porque devia saber que essas taxas vão ser todas revistas. Mas estou de acordo porque é uma crítica certeira. Não tenho a pretensão de fazer sempre tudo bem.

E aquela crítica que o acusa de deixar para Outubro a inauguração de diversos empreendimentos para aproveitar a recta final antes da data das eleições?

Isso é um disparate. Eu queria chamar a atenção para o facto de em todos os meses termos tido uma obra a concluir-se. Por coincidência, há um mês em que há eleições. Eu pergunto aos aveirenses se devia deixar de concluir as obras só porque há eleições. Neste assunto temos que ser sérios. Temos tido todos os meses uma obra a concluir-se, repito. Só para lhe dar alguns exemplos, neste mandato concluímos a Capitania, o Teatro Aveirense, o Centro Cultural de Esgueira, a Junta de vera Cruz, o Parque de Feiras e Exposições, o Mercado do Peixe, o novo Estádio Municipal, o parque da Fonte Nova, o parque do Canal de S. Roque, entre muitas outras. Por isso é que eu digo que quando se vem dizer que fizemos pouco neste mandato, é uma afirmação que descredibiliza a postura séria que se tem que ter numa campanha eleitoral. Aquele inquérito que o candidato Élio Maia enviou às pessoas é um exercício de demagogia que não lhe fica bem. Devo dizer que tenho acompanhado, com alguma decepção, a campanha do candidato da coligação «Juntos por Aveiro».

Qual é o objectivo principal da sua candidatura nas eleições do próximo dia 9 de Outubro?

O nosso objectivo é meter seis vereadores. Acho que o trabalho que foi desenvolvido, a qualidade e a quantidade de trabalho que foi desenvolvida e as condições que sentimos no apoio das pessoas nos faz pensar que conseguiremos meter seis vereadores. Há aqui, no entanto, o fenómeno da candidatura do BE, mas eu penso que não tem sentido local, é uma candidatura cuja motivação é apenas nacional. Será o chamado voto inútil que não serve ninguém e que não tem significado. Acredito ainda que não vamos perder nenhuma junta e que podemos conquistar algumas. Penso que temos uma excelente equipa em S. Bernardo que pode ganhar, o mesmo sucedendo em Eixo e Requeixo. E digo isto com toda a humildade e com a consciência de que fizémos um bom trabalho, sabendo que há sempre 10 ou 20 por cento de coisas que não correm sempre bem.

É por causa do fenómeno BE e do candidato da CDU que a sua candidatura virou um pouco mais à esquerda do que o habitual?

Sinceramente, não sei se é uma lista mais direita ou mais à esquerda. É uma lista renovada, de gente empenhada e politicamente muito consistente.

Falava há pouco que há sempre coisas que não correm bem. Se fosse hoje, construía o Estádio?

Olhe, até nisso Élio Maia esteve infeliz. Porque se era contra o Estádio devia ter tido a coragem de, na altura, ter votado contra. Acontece que, na altura, não se lhe conhecia opinião e todos os partidos votaram por unanimidade. Ser agora contra o Estádio é fácil. Ninguém podia prever que o Beira-Mar ia descer de divisão, ninguém iria prever que a situação económica ia estar quatro anos em recessão, não havendo indícios que ela melhore, e mesmo assim, só os detractores e as pessoas com muita má vontade é que não vêem o óbvio: se Aveiro não tivesse construído o óbvio, essas mesmas pessoas estariam a dizer mal da câmara por não o ter feito e que implicaria ficar de fora do Euro 2004. Penso que foi uma grande vitória para Aveiro. Vale a pena aqui dizer que a Câmara Municipal de Aveiro ainda não colocou um Euro na gestão do Estádio. A EMA (Estádio Municipal de Aveiro, EM) tem sabido encontrar meios para subsistir, o que não está a acontecer noutras cidades.

Se perder, vai assumir o lugar na vereação? E se ganhar, leva o mandato até ao fim?

Eu vou às eleições para ganhar e nem coloco a hipótese de perder, mas se isso acontecer tomarei a decisão no dia seguinte. A experiência autárquica é muito absorvente e não me imagino a desempenhar outras funções autárquicas depois de ter sido presidente da Câmara. Como toda a gente sabe, nunca precisei da política para viver, não dependo da política e isso dá-me uma enorme independência de espírito e autonomia de decisão. Se a experiência autárquica terminar para mim, regresso à minha vida profissional com todo o gosto e sem angústias. Em política temos de estar sempre preparados para nos mantermos em funções enquanto merecermos a confiança do eleitorado e tenho isso presente todos os dias. Não tenho a presunção nem a arrogância de pensar que estas eleições estão ganhas. Quando digo que quero meter o sexto vereador é porque vou trabalhar para isso. Este objectivo pode permitir que o funcionamento dos serviços camarários melhore muito. Esse é outro objectivo a que me proponho apesar dos progressos enormes que foram feitos. As pessoas já não se recordam de como funcionava a câmara há sete anos. A diferença é como do dia para a noite. Temos um conjunto de funcionários excelente, muito empenhado e dedicado, que tem cada vez mais condições de trabalho e que o regime da função pública não permite valorizar como gostaríamos, mas que considero ser possível melhorar muito.

7 comentários:

  1. Delicioso ver Souto a chamar demagogo e irresponsável a Sócrates....

    Jorge Ferreira

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  2. Penso que a culpa de tudo que mal se faz no municipio é da oposição ou dos municipes que não contribuem suficientemente.
    haja paciencia

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  3. O Homem está mesmo mal, então diz que vai ganhar São Bernardo quando todo o staf do PS andou a precionar tudo e todos e não conse guiu melhor que a Tininha das feiras que não vive sequer em S~~ao Bernardo e que até é FUNCIONARIA da Camara e esta sim não pode dizer que nãõ
    Staf-- Alberto Souto, Eduardo Feio, José Costa e o Homem da Empresa Municipal do Teatro Aveirense andaram todos a precionar e a prometer o que nunca fizeram e ninguém aceitou por isso coitada da TININHA, só sobrou ela e teve que ser el a candidata por escolha, indicação do PATRÂO, mas sobre candidatos à mais e em Nossa Senhora de Fatima e Requeixo onde o porta a porta do Alberto Souto foi feito com o livro de cheques da Camara na Mão, enfim mais capitulos para amanhã.

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  4. Toda a entrevista no blog?
    Porque não apenas um link, como com outras entrevistas?
    Houve esse link para a entrevista Élio Maia?
    Se calhar houve, mas é bom refrescar a memória

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  5. Oh ultimo anónimo...

    Antes de mandar esse comentário, não lhe ficava melhor ir à zona de arquivo do mes de Agosto e perder dois minutos?

    Veria que eu fiz EXACTAMENTE o mesmo e tive a mesma actuação:
    http://aveirolx.blogspot.com/2005/08/entrevista-do-dr-lio-maia-ao-dirio-de.html

    Isto é: transcrevi as duas entrevistas (Souto e Maia) como irei transcrever as duas que faltam) e pus links para as dos candidatos à AM (Regina Bastos e Carlos Candal)...

    Santa Paciencia.

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  6. Se "Aveiro é, neste momento, um dos melhores municípios para viver em Portugal", porque é que o Beto mudou de casa para a beira mar mas do vizinho concelho de Ílhavo ?

    Será que fica mais em conta, por causa dos custos da dita qualidade de vida aveirense (rendas / casas, taxas, etc mais baratas ?

    Não deixa de ser curioso ...

    Pereira, Esgueira.

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